O secretário estadual de Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi, afirmou hoje à tarde que a única medida a ser tomada para amanhã para as comemorações no dia 7 de Setembro no estado, para se precaver das ameaças feitas por um grupo de skinheads (de inspiração neonazista), será aumentar o efetivo de policiais. O pronunciamento foi feito logo após uma reunião com representantes de entidades de defesa dos Direitos Humanos, que reforçaram o pedido de apuração sobre as ameaças contra negros, homossexuais, nordestinos e judeus, feitas nos últimos dois dias."O 7 de Setembro não é novidade para nós. Certos ´grupos radicais´ sempre querem se manifestar nesta data, de forma que já temos uma ação preparada, inclusive com policiais descaracterizados, mas nada que sugira que vá acontecer alguma coisa grave", disse Petrelluzzi. Uma série de atentados, realizada nos últimos dois dias, foi atribuída a um grupo skinhead.
O coordenador da Anistia Internacional, José Eduardo Bernardes da Silva, recebeu uma bomba pelo Correio, e o mesmo ocorreu hoje com o presidente da Associação da Parada de Orgulho Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, Roberto de Jesus.
O vereador Ítalo Cardoso (PT), que é presidente da Comissão Municipal dos Direitos Humanos, e o deputado estadual Renato Simões (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, além do próprio secretário de Segurança, também foram vítimas de ameaças de cunho racista.
Nas cartas contendo ameaças, os skinheads avisaram que novos atentos iriam ocorrer no 7 de setembro. O secretário também fez questão de destacar que as recentes ameaças "não fazem parte de nenhuma onda de atentados terroristas". "O que tivemos aparentemente, foi um grupo ou uma mesma pessoa que cometeram ações contra pessoas determinadas, onde, felizmente, não houve nenhum ferimento, nada de mais grave. Isso nos faz ter bastante atenção, mas em absoluto, não temos nenhuma razão para pânico", afirmou.
De acordo com ele, hoje a polícia de São Paulo conta com um grupo específico para agir nesse tipo de crime, o Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância (Gradi), que é composto por policiais civis e militares. Com o Gradi, nós temos, hoje, muito mais informações do que tínhamos e, para esse tipo de delito, a informação é o material mais importante", disse. Petrelluzzi confirmou que já se está em prática uma operação policial, mas não quis revelar detalhes.
"Isso não vou dizer. Darei os detalhes na hora em que tivermos as pessoas que praticaram esse ato devidamente identificadas e, se a Justiça assim determinar, presas". Quanto à segurança das pessoas ameaçadas, o secretário também afirmou que providências foram tomadas, sem especificar quais seriam essas medidas.
Indagado novamente sobre as investigações quanto ao nome dos autores das ameaças, Petrelluzzi foi enfático: "Não vou fazer nenhum comentário sobre quem são os grupos, qual sua orientação política, onde se reúnem. Tudo isso, o que saiba e o que não saiba, não vou dizer".
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