Depois do Ozempic, tonificar músculos vira tendência de tratamento corporal

Técnicas modernas ajudam a desenhar os músculos, mas em alguns casos as cirurgias podem ser indicadas

29 ago 2025 - 06h19
Resumo
Técnicas corporais modernas, como tecnologias não invasivas e lipoaspiração, estão ganhando destaque para tonificar músculos, reduzir gordura localizada e melhorar a definição muscular, complementando a perda de peso com medicamentos e mudanças no estilo de vida.
Foto: Reprodução

Durante a pandemia, uma série de equipamentos que prometiam construção de músculos em sessões de 30 minutos foram lançados. Tratamentos que promoviam 12, 16 e até 70 mil contrações supra máximas ganharam seu lugar de destaque nas clínicas médicas com um objetivo claro de não substituir o exercício físico, mas potencializá-lo. 

“A tecnologia não invasiva HI-EMT, ao ser aplicada, passa por todas as camadas da pele e da gordura, estimulando diretamente o músculo por meio de contrações contínuas e intensas. Quando exposto a essas contrações, o tecido muscular é forçado a se adaptar a essa condição extrema. Ele responde com uma profunda remodelação do interior da estrutura que resulta em hipertrofia muscular aumentada, tônus estimulado, resistência das fibras e queima de gordura”, afirma a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

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Mas agora, há um novo boom por esse tipo de tratamento, estimulado principalmente pelo uso das canetas com medicamentos análogos de GLP-1, usados para tratamento da obesidade. “Com cada vez mais pessoas atingindo o peso ideal, não é surpresa ver um interesse renovado por opções que oferecem contorno e condicionamento muscular não invasivos. Além disso, sabemos que os análogos de GLP-1 podem impactar a massa muscular, quando não realizados com mudanças de estilo de vida que incluam a atividade física. Então, faz sentido ver um aumento no interesse em torno de tratamentos de tonificação”, diz o dermatologista Abdo Salomão Jr, Doutor em Dermatologia pela USP e membro da SBD.

A médica explica que o tratamento irá proporcionar, dependendo do programa, em menor ou maior grau a reeducação das fibras musculares, promover a hipertrofia e também a queima de gordura.  “Segundo estudos, a tecnologia HI-EMT pode aumentar em aproximadamente 15% a espessura do músculo abdominal e promover uma redução média de 19% na camada de gordura subcutânea do abdômen”, comenta Claudia Marçal.

Segundo o dermatologista, essas tecnologias permitiram aos médicos maior criatividade e mais eficácia no tratamento de áreas-alvo. “Fortes pulsos de energia magnética culminam no aumento do tônus, o que ajuda a combater o tipo de perda de volume que ocorre com o envelhecimento ou com a perda significativa de peso”, explica Abdo. 

Uma novidade segundo o médico é o Body Sculptor, equipamento com triplo mecanismo de ação para remodelar o corpo. “O Body Sculptor combina estímulo muscular de alta frequência, ultrassom cavitacional com frequência dupla e a exclusiva tecnologia de EMOSB. Essas três tecnologias podem ser usadas isoladamente ou então combinadas na mesma sessão, atuando sinergicamente para tratar gordura e músculo de maneira simultânea, assim melhorando a definição corporal”, detalha o dermatologista Abdo. 

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Isso é importante, pois estimular o músculo, em alguns casos, não é o suficiente. Dependendo da pessoa, para o músculo aparecer, ainda é preciso reduzir uma teimosa capa de gordura localizada. No caso do Atria II, um ultrassom macro e microfocado, a combinação de tecnologias ajuda. “Ele faz pontos de coagulação que promovem a formação de novo colágeno (microfocado) ou a quebra do tecido adiposo (macrofocado). O Atria II tem associado a radiofrequência bipolar, que atua mais superficialmente, onde o ultrassom não chega, promovendo maior melhora da qualidade da pele quando associados. Ele também tem a eletroestimulação, que promove contrações musculares e para corpo é um auxiliar interessante”, explica a dermatologista Daniella Curi, membro da SBD.

A flacidez de pele também necessita ser tratada e pode atrapalhar o desenho dos músculos. Segundo a médica Lilian Brasileiro, membro da SBD, a associação de técnicas é fundamental no tratamento corporal. “A combinação de tecnologias permite agir em diferentes estruturas: derme, tecido subcutâneo e fáscia. Enquanto os bioestimuladores atuam de dentro para fora, tecnologias como radiofrequência e ultrassom promovem contração de colágeno e reorganização das fibras. Essa abordagem integrada otimiza os resultados, acelera a resposta clínica e oferece maior longevidade aos efeitos”, diz Lilian. 

“Podemos utilizar a radiofrequência com resfriamento, especialmente com tecnologias como Onda Coolwaves, que atuam de forma eficaz sobre a gordura localizada e a flacidez com segurança e conforto. Ela pode ser combinada à endermologia avançada (LPG), como complemento terapêutico para melhorar celulite, retenção de líquidos e estimular a circulação local”, diz Lilian.

Para tratamento de gordura localizada, a dermatologista Flávia Brasileiro, membro da SBD, destaca que além do Onda Cool Waves, são muito usados também os aparelhos de congelamento de gordura, ou seja, as criolipólises, e as plataformas de radiofrequência. “Essas entregam uma melhora da flacidez, porém são muito menos eficazes para tratamento de gordura, por serem uma tecnologia de atuação mais superficial. Outros tratamentos de gordura localizada incluem o Morpheus, radiofrequência microagulhada, e as ponteiras Tite, do Bodytite (plataforma do Morpheus), além do Endolaser, porém já saem da categoria de procedimentos não invasivos”, diz Flávia Brasileiro.

Em alguns casos, a lipoaspiração moderna entra na rota como aliada poderosa. “Se antes o foco era apenas a retirada do excesso adiposo, hoje a cirurgia se tornou uma ferramenta poderosa de escultura corporal – revelando músculos, promovendo simetria e, em algumas técnicas, até estimulando o aumento de massa muscular”, explica o cirurgião plástico Romero Almeida, diretor da Clínica Moderna Sculpt, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). 

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As técnicas de alta definição, conhecidas como Lipo HD ou LAD (lipoaspiração de alta definição), ganharam popularidade por evidenciar os músculos do abdômen, flancos, costas, braços e pernas. “Ao retirar gordura em pontos estratégicos, o cirurgião consegue deixar os ‘gominhos’ abdominais mais visíveis, criando um efeito atlético”, diz Romero Almeida. 

Mas a grande evolução foi vista na técnica UGraft, que levou o conceito adiante. “Além de esculpir, ela reutiliza a gordura retirada para injetá-la dentro da musculatura, promovendo um discreto aumento de volume e definição. A gordura enxertada, rica em células-tronco, potencializa os resultados – até mesmo em pacientes que não têm grande desenvolvimento muscular natural. A técnica UGraft é um divisor de águas. Ela permite que o paciente conquiste um contorno corporal harmonioso e natural, mesmo sem histórico de treino intenso”, afirma Romero.

Por fim, Abdo ressalta que essas tecnologias mais avançadas para fortalecer e firmar os músculos contribuíram substancialmente para a capacidade de otimizar os resultados do rejuvenescimento corporal. “A indicação do médico é importante porque existe também a possibilidade de podermos programar o tipo de tratamento de forma mais personalizada, além dos programas que já estão estabelecidos”, finaliza a dermatologista Claudia Marçal.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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