Devemos ser maiores que nossas deficiências, ensina vidente

Apesar dos obstáculos, devemos focar nas maravilhas que podemos alcançar

2 nov 2015 - 15h52
Foto: iStock

Durante as aulas de hidroginástica acompanho, enquanto pulo e movo joelhos e cotovelos, bem ali na outra raia, a algazarra de uma turma alto astral.

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Entre risos e provocações, os apelidos – Muleta, Cilindra – surgem com a maior naturalidade. São homens e mulheres das mais diferentes faixas etárias, nadadores de uma instituição bem conhecida que congrega e auxilia portadores de necessidades especiais.

Viciados em cloro, como assume, chegam a passar duas ou três horas por dia na piscina. A presença deles incentiva, principalmente, os muitos da "melhor idade” que vão para a hidro por recomendação médica, sem grande motivação.

Reina um clima desencanado, de diversão. Mas, quando se dispara algum cronômetro – e já vi todos ali em ação, tirando tempo para cinquenta, cem, quatrocentos metros ou mais – a coisa fica séria.

Na beleza biomecânica, na plenitude do movimento, na competência deslizante, descobre-se: Muleta e Cilindra eram tubarões disfarçados. Dá gosto a força de superação com a qual, sem uma ou ambas as pernas, sem esse ou aquele movimento, atravessam vinte e cinco metros de pura água azul com invejável desenvoltura, como quem dança uma valsa vienense.

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Ao terminar, subo a escadinha, enrolo-me na toalha e sigo para o vestiário assimilando a lição: se o corpo, esse pobre invólucro físico, provisória representação visível, mala de nós mesmos, é capaz de tanta plasticidade, o que esperar da alma? Sempre cambiante em sua inefável leveza.

Identifico-me com essa turma porque lido, nos meus atendimentos, com algo parecido: inúmeros portadores de necessidades especiais – não físicas, mas da espiritualidade. Gente sem uma mão de generosidade ou um pé de bondade, a tolerância atrofiada, o amor paralisado.

Se Muleta e Cilindra, apesar dos obstáculos do mundo natural, fazem tantas maravilhas, os comprometidos de alma podem evoluir também, adaptar soluções, encontrar outras formas, conseguir avançar.

Sempre está com eles, o treinador. Um rapaz animado que vai acertando, apurando, corrigindo, educando: “o pescoço assim”, “girar menos”, “respirar em determinada cadência”, “colocar o quadril em tal posição”...

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Faço o mesmo, não com o corpo material, mas com os fluxos de energia espiritual. Quando um dos meus atletas melhora seu desempenho ou simplesmente atravessa até a outra borda, a boa sensação de realização – fico feliz por ele e, mais ainda, com ele.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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