Eu também tenho curiosidade e, vez ou outra, aprendo alguma coisinha sobre a doutrina oculta da Cabala. Tiro uma tarde mais tranquila do mês e acolho, com agradável interesse, os preciosos livros sobre esse secreto assunto. O mais fascinante braço da tradição mística judaica encanta sensibilidades e arregimenta adeptos pelo mundo todo. Uma das vertentes mais interessantes dessa proposta rara é aquela que destaca e valoriza a força e o poder operacional da palavra no mundo.
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O mito do Golem resume bem essa proposta que surpreende e faz pensar. Um pedaço de barro esculpido com forma levemente humana (qualquer semelhança com Adão...), pode ganhar vida, tornar-se gente, se prendermos à sua testa um papelzinho com a frase certa. Se a criatura começar a fugir do controle, der trabalho desmesurado, basta ter a outra palavrinha, aquela que corretamente desativar a primeira. Que palavras são essas? Não se sabe mais. Perderam-se pelos séculos afora. Sem problemas, para nossa reflexão o importante é a prerrogativa: a palavra é pura mágica, detém consigo poderes de vida e morte e pode transformar a realidade se for, simplesmente, pronunciada corretamente.
Eis apenas uma das diversas e saborosas possibilidades da cabala. Pelos últimos séculos, gerações sobre gerações de místicos a mantiveram viva e vibrante. Não é difícil entender o por que. Basta ver uma criança se deliciando com o som de uma palavrinha qualquer - luz, por exemplo - para admitir que, mais do que tecnologias de comunicação, o verbo carrega estranhezas.
Do ponto de vista prático é interessante explorar a possibilidade de conhecimento das coisas metafísicas escalonadas nos dez algarismos que compões todos os números. Trata-se de explorar ao limite um método de busca de síntese universal. Cada nome próprio, cada palavra, cada unidade de expressão indica um valor numérico, abrindo possibilidades matemáticas para as ideias - o que tradicionalmente se chama de gematria. Essa álgebra filosófica, nas suas razões últimas, conciliando razão com fé, indica revelações perfeitas, revela segredos.
Comumente, considera-se a palavra Cabala derivada do hebreu antigo québil, que significa receber, recolher. O convite, é bom que se diga, é para aventura árdua e longa. São necessários, no mínimo, dez anos de dedicação - paciente e esforçada - para se penetrar no sentido dos símbolos, precisar sua origem, entender correlações presentes nessa chave-mestra das mais elevadas concepções do espírito humano.
Como não cheguei tão alto na trilha de Espinoza, Lúlio e Leibnitz. Não percorri todas as trinta e duas sendas, não atravessei as cinquenta portas, não compreendi os setenta e dois nomes. Indico, apenas, uma utilização do método bastante rasa. Escolha uma palavra que, além de te agradar, agregue força espiritual - eu uso "serenidade". Depois, solitariamente, uma vez por semana, repita mentalmente, por cinco minutos, a palavra. Vá entendendo, buscando monitorar e controlar os desdobramentos emocionais que surgem. Proposta simples, mas, como se poderá comprovar, flamejante do ponto de vista de conquista de domínio interior, de autoconhecimento e crescimento esotérico.
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