Com chopp artesanal e festas, praias "ditam modinha" no Rio

A capital carioca se prepara para um verão cheio de novidades

11 dez 2014 - 13h54
(atualizado em 12/12/2014 às 10h22)
Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

As areias da orla carioca estão fervendo. O calendário oficial de estações ainda não virou, mas o verão já pediu permissão para se instalar. E a chegada foi aceita de bom grado pelos moradores da cidade e pelos turistas. As calçadas de Copacabana, Ipanema, Leblon, Praia Vermelha, Barra da Tijuca, para ficar só no "basicão", são um bochicho só. Todos esperam as novidades do verão 2015.

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Algumas, inclusive, já mostram a cara, como a cerveja artesanal nas areias do Leblon, que começou a ser vendida no sábado em forma de chopp; a caipirinha exótica do Luciano Drinks, entre o Arpoador e Copacabana; o picolé Vero, em Ipanema, e, claro, o óbvio ululante: as festas na areia, que este ano prometem prolongar principalmente os finais de tarde no Leme e na Praia Vermelha, um ponto charmoso e esquecido por anos no bairro da Urca.

E em tempos de discussão aberta sobre a legalização da maconha, tem gente tirando a máscara e apostando até no risco: os brigadeiros feitos à base da erva estão por aí e chegam a ser citados por turistas como atrativo da estação mais charmosa do ano.

Entre as frequentadoras das praias, algumas modinhas também prometem: os arcos e colares de flores feitos a mão; biquínis de crochê; cangas com motivos étnicos e muita, muita cor mesmo. Localizada pela reportagem andando pela areias de Ipanema na última semana, a design de moda Natalia Lorenza, argentina radicada no Brasil há dez anos, mais parece uma Carmen Miranda em verão revisitada. Os adornos levados junto ao corpo e exibidos aos clientes são as tais bijus e arcos com motivos florais: "estou vendendo muito. O verão sempre é colorido, mas este vai ser multicolorido e étnico", aposta.

Cliente assídua das peças vendidas pela design, a aposentada Suzana Eichrer, "rata de praia" assumida, acredita que, com a atenção que o Brasil está despertando em todo o mundo, o verão será pra lá de tropical. "Já estou vendo muita coisa com papagaio, cangas com imagens do Rio, cores fortes... O sorvete Vero, na Visconde de Pirajá, também será uma novidade", aposta.

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Que caipirinha!

Com o tamanho fascínio que os "gringos" sentem pelas caipirinhas em solo brasileiro, a bebida acabou ganhando novas cores, sabores e componentes. O Brasil parece ter instituído uma espécie de tratado internacional da caipirinha, que hoje está longe de ser só aquele limãozinho amassado na cachaça, degustado no canudinho. As areias e bares cariocas há tempos parecem verdadeiras fábricas de reinventar e incrementar a nobre bebida brasileira.

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

O vendedor Luciano Vieira – Luciano Drinks, segundo a auto-propaganda - é prova inconteste deste verdadeiro estado de espírito chamado caipirinha. Desde meados deste ano, ele decidiu jogar tudo para o alto – era motoboy - e investir na venda de drinks exóticos nas areias de Ipanema, Arpoador e Copacabana. É de chapéu Panamá e gravata de garçom (uma figura!) e um arsenal de frutas, gelo, vodca e cachaça que ele já emplaca suas invenções (ou intervenções?) etílicias. A ideia é misturar gengibre, hortelã e pimenta a frutas das mais diversas, como morango, melancia, tangerina, abacaxi e até fruta do conde. O copão sai a R$ 20 se a bebida escolhida for a vodca. Com cachaça a delícia sai a R$ 15. O resultado, divulga-se por aí, com conhecimento de causa, é um espetáculo.

Independente das modinhas e dos gostos que tiver a estação, o consultor de marketing Mateus Machado, morando no Rio há 4 meses apenas – vindo do Sul – espera um verão "show de bola". Ele torce também que haja bastante policiamento, para espantar os assaltos e furtos.   

Vai ser bonita a festa, pá

Esquentando a sola dos pés e rodando grandes extensões de areia para sentir o clima e a temperatura, a reportagem do Terra buscou um termômetro de um verão que promete entrar para a história. Nos 450 anos da Cidade Maravilhosa, comemorados em março, a Prefeitura quer vender a ideia do "verão dos verões", e ter um número recorde de turistas.

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"A gente espera a visita de 900 mil turistas até fevereiro. Eu já estou sorrindo de canto a canto do rosto", brinca Orlando Bisneto, que trabalha vendendo tickets para festas em alto mar de uma empresa especializada em turismo marítimo. A novidade este ano serão as festas em saveiros saindo da Marina da Glória à tarde e só retornando às 20h. Com capacidade para até 160 pessoas, as festas já rolam no período da noite, mas agora também terão versões a partir das 15h.

As amigas portuguesas Margarida Sá e Margarida Santos estão de olho no tal "verão dos verões". Alunas de administração da FGV, elas estão encantadas com as praias cariocas. "Em Portugal, não se vende nada na areia, apenas um doce chamado bolo de Berlim. Todo o resto você só compra em bares", conta Margarida Sá. A outra Margarida já tem algumas delícias na sua lista de preferidos da praia, como o açaí, água de coco e esfihas.

Malvino Salvador versão Irada

Foto: Divulgação

Os apreciadores de cerveja artesanal, quem diria, já têm uma opção para consumir a bebida em plena areia. Desde sábado, uma novidade tomou conta do Leblon: o chopp Irada!, que tem entre os sócios o ator Malvino Salvador, está sendo vendido em mochilas adaptadas, nos moldes daquelas que circularam entre o público do Rock in Rio no ano passado e fizeram o maior sucesso. A R$ 8, o consumidor pode experimentar a versão do malte que virou mania na cidade nos últimos meses. Aliás, "olha o Malteeeee!" é o grito dos vendedores para atrair a clientela, numa alusão divertida ao típico mate gelado vendido há anos no Rio, ao lado do já tradicionalíssimo Biscoito Globo.

"A gente não tem mestre cervejeiro, e sim brother cervejeiro", brinca um dos sócios da Irada, Felipe Nogueira. "Não queríamos uma cerveja artesanal qualquer para disputar estante com as outras. Estar associado à praia empresta ao produto um carisma descomunal", comemora, destacando que a ideia inicial é vender 600 litros por final de semana.

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Por enquanto, o chopp artesanal fica mesmo só pelas bandas do Leblon, mas a ideia do grupo de cinco sócios é expandir a venda futuramente para Ipanema e Copa.

Falso arrastão?

O mesmo carioca que inventa moda de frente para o mar, vendendo cerveja como quem homenageia o sagrado mate gelado, também faz troça de seus infortúnios. Não é que já estão dizendo de uma nova modalidade de arrastão nas areias da orla da Zona Sul? Quem conta é a argentina Natalia, a mesma lá de cima, a dos colares e arcos de flor, que diz já ter presenciado a seguinte cena várias vezes: "É o falso arrastão (risos). É uma nova estratégia, em que os garotos bebem, comem e depois, sem ter como pagar e para dar calote nos barraqueiros, fazem um tumulto, jogando mesas e cadeiras para cima e indo embora correndo (sem acertar a conta)".

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

O povo da praia, bronzeado, escaldado, com arco de flor, com ou sem caipirinha e cerveja na mente, crente de que se trata de um arrastão, dá seu jeito e foge da balbúrdia. No final, entre as cangas de papagaio e biquínis de crochê, fica só o alvoroço. Coisas da cidade ainda partida, que se reinventa até nos "truques". Queiram os banhistas - e os puristas - ou não, é também assim, 90% sol, 10% sombra, o verão de São Sebastião do Rio de Janeiro. Do alto dos seus 450 anos de acertos e erros. 

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

Jefferson Fogaça é instrutor de stand up paddle (Foto: Juliana Prado/Especial para Terra)

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

Mate gelado e biscoito Globo não podem faltam nas areias cariocas (Foto: Juliana Prado/Especial para Terra)

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Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

Mateus Machado espera um verão de "paz e muito sol" (Foto: Juliana Prado/Especial para Terra)

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

Valdemir da Conceição vende esfiha do Kalifa (Foto: Juliana Prado/Especial para Terra)

Foto: Juliana Andrade / Especial para Terra

Novidade na areia: vendedor de chopp artesanal se encontra com vendedor de mate (Foto: Divulgação)

Fonte: Especial para Terra
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