Apesar da melhoria na coleta de lixo atingindo 93,1% dos domicílios em 2024, 4,7 milhões de residências, principalmente rurais, ainda queimam lixo, evidenciando graves desigualdades entre zonas urbanas e rurais no saneamento básico.
A cobertura da coleta de lixo no Brasil melhorou nos últimos anos e alcançou 93,1% dos 77,3 milhões de domicílios do País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta sexta-feira, 22, com dados de 2024, seja por coleta direta ou em caçambas. Ainda assim, 4,7 milhões de domicílios ainda queimam seu lixo na própria moradia, o que representa 6,1% do total. Na zona rural, essa proporção sobe para 50,5% das propriedades.
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“É um dado ainda preocupante, que acarreta aumento de poluição, e mesmo insalubridade para a zona rural, pois o lixo precisa ficar acumulado de alguma forma até que seja queimado”, afirma William Kratochwill, analista da pesquisa.
Nas áreas urbanas, o percentual é pequeno, de somente 0,4%. O recorte é apenas uma das várias discrepâncias encontradas entre moradores da parte rural do Brasil e da parte urbana.
Nas áreas rurais, somente 9,4% dos domicílios têm escoamento de esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral. Já nas áreas urbanas, a proporção era de 78,1%. No total de domicílios do País, esse indicador aumentou de 68,1% em 2019 para 70,4% em 2024.
“Em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional, pode ser necessária a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, esclarece William.
Entre os domicílios em situação rural no Brasil em 2024, 36,8% (3,2 milhões) possuem fossa séptica não ligada à rede, enquanto 53,8% (4,6 milhões) utilizam outro tipo de esgotamento, como fossa rudimentar não ligada à rede, vala, escoamento direto para áreas fluviais. Nas áreas urbanas, tais formas de destinação de dejetos são usadas por 12,4% (8,5 milhões) e 9,5% (6,5 milhões), respectivamente, dos domicílios.
As menores estimativas de acesso à rede geral de esgoto foram no Norte, Nordeste, Centro-Oeste. No entanto, essas grandes regiões tiveram os maiores crescimentos entre 2019 e 2024, passando de, respectivamente, 27,2% para 31,2%, 46,7% para 51,1% e 59,5% para 63,8%. Já o Sudeste chegou a 90,2%, enquanto o Sul, 70,2%