Felipe Drugovich e a F1: Perguntas e Respostas Mais Frequentes

Com a possibilidade um brasileiro voltar para a F1, as atenções se voltam para Felipe Drugovich. Mas é preciso esclarecer umas coisas...

27 mai 2022 - 20h48
(atualizado às 20h54)
Felipe Drugovich: a esperança de ter um brasileiro na F1 é renovada
Felipe Drugovich: a esperança de ter um brasileiro na F1 é renovada
Foto: F2 / divulgação

Mais uma vez, a torcida brasileira abraça a F2. Este ano, Felipe Drugovich vem tendo um ótimo desempenho e lidera o campeonato após 4 rodadas (com direito a vitória em rodada dupla). Mais à vontade de volta à MP Motorsports após um 2021 morno na Uni-Virtuosi, o jovem paranaense parece retomar o bom momento de 2020, onde teve boas provas, mas faltaram uma série de situações que levassem à bom termo.

Agora, estamos em uma “Drugomania”. Muita gente descobriu o “filho do dragão” (significado do Drugovich) e acompanha com sede seu desempenho. Temos aqueles que acompanham para valer e os que vão na onda, entre sem entender muito bem o esquema e outros que seguem para não perder o bonde por questões de sobrevivência...

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O brasileiro quer ver um piloto na F1. Não tem jeito, há uma ligação umbilical entre o Brasil e a categoria. Por mais que tenhamos pilotos se dando bem na Fórmula Indy, Fórmula E, WEC...todo o histórico acaba pesando e o que importa é a F1.

Com Drugovich liderando o campeonato, a pergunta que mais se vê nas redes sociais é: ele tem condições de ir para a F1 em 2023? Vamos tentar responder algumas perguntas aqui.

Ele tem a Superlicença?

A resposta é NÃO. Para um piloto poder tomar parte de uma corrida de F1, ele tem que ter um documento chamado Superlicença, emitido pela FIA. De modo simples, o postulante tem que ter 40 pontos em 3 anos para que possa ser apto. Mas não é automático: uma equipe tem que solicitar junto à FIA a emissão.

Hoje, Drugovich tem 10 pontos para a Superlicença, vindos do 9º lugar de 2020 (4 pontos) e 8º lugar de 2021 (6 pontos). Para ter os 40 pontos, o brasileiro precisa pelo menos chegar em 4º lugar no campeonato (equivalente a 30 pontos) para obter a pontuação mínima para a Superlicença.

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Eis extrato da tabela do Anexo L do Código Desportivo da FIA sobre a pontuação da F2 para a Superlicença
Foto: FIA / Do autor

Ele pode participar de um Treino Livre?

Atualmente, cada equipe tem que abrir espaço para pilotos jovens em seus carros durante os Treino Livre 1. Cada carro inscrito no campeonato deve dar espaço para um piloto que tenha Licença de Treino Livre ou Superlicença (desde que não tenha participado de mais de 2 GPs na carreira).

Para ter a Licença de Treino livre, o piloto deve ter feito pelo menos 6 GPs na F2 ou pelo menos 25 pontos para a Superlicença nos últimos 3 anos. Além disso, é preciso fazer uma prova (sim, uma prova!) sobre o Código Desportivo Internacional e do Regulamento Esportivo da F1 e pelo menos 300 km com um carro de F1 em ritmo considerado “representativo” em uma pista homologada.

Para que possa tomar parte em um Treino Livre, Drugovich teria que fazer este teste de 300 km em um F1, pois tem a experiência necessária com a F2. E estar em contato com uma equipe é primordial para viabilizar isso.

Não esquecendo que a participação no Treino Livre andando cerca de 100km (mais ou menos 20 voltas) sem levar nenhuma punição permite ao portador do piloto com a Licença de Treino Livre acumular 1(um) ponto para obtenção da Superlicença.

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Ele pode ser titular na F1 em 2023?

É uma situação bem complicada. Algumas vozes dão conta que negociações com a Aston Martin estariam em curso, bem como com a McLaren. Vamos aos fatos.

- O staff do piloto conversou com a McLaren tempos atrás e recebeu sondagens de academias de pilotos (Renault incluso). É normal neste meio conversar com todo mundo para sondar as possibilidades futuras.

- O mercado para 2023 neste momento está travado. E mesmo para os novos, há uma certa ordem. Oscar Piastri, o campeão da F2 de 2021, não conseguiu vaga para este ano e a Alpine quer resolver isso. Até mesmo considera efetivá-lo ao lado de Ocon. Do lado da Red Bull, Juri Vips e Liam Lawson já contam com Superlicença e brigam por uma vaga na Alpha Tauri (que pode ser 2 dependendo da posição de Pierre Gasly).

- McLaren seria uma possibilidade com uma saída antecipada de Daniel Ricciardo (contrato iria até 2023). Mas este posto aparentemente teria a disputa com a ala norte americana representada por Colton Herta e Pato O’Ward (que renovou seu contrato por mais 3 temporadas).

- A possibilidade Aston Martin vem circulando nas redes e grupos de WhatsApp. Caso Vettel não renove seu contrato, não parece que colocar um estreante esteja alinhado ao perfil que Lawrence Stroll e seus asseclas planejam para o time.

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- A Williams deve ter uma vaga com a saída certa (?) de Nicholas Latifi. Mas esta vaga tem muitos postulantes e aqui a questão financeira acaba por ter uma influência importante, mesmo com o time dizendo que orçamento não é algo que o preocupe.

No quadro atual e até onde se saiba, o mais viável na F1 é uma vaga de reserva em algum time. Por não fazer parte de uma academia, seria uma forma de conhecer a categoria e se acostumar com os procedimentos e códigos. Além de se preparar para ocupar uma vaga em 2024, onde o mercado deverá estar mais aberto.

No mais, o importante é acompanhar Felipe Drugovich e torcer para que ele consiga o melhor resultado possível na F2. Conseguir ir para a F1 é uma combinação de sorte, oportunidade e competência.  Se aparecer, que seja com capacidade de competir e crescer. E ter em mente que hoje a vida em competição em alto nível não se resume à F1. Há vida muito boa fora.

Felipe Drugovich com o trófeu de campeão da EuroFormula em 2018
Foto: Euro Formula / Divulgação
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