Pedro Sánchez toma posse como premiê da Espanha

2 jun 2018 - 07h36
(atualizado às 18h30)

Em cerimônia, socialista abre mão da Bíblia, quebrando uma tradição. Novo chefe de governo, de 46 anos, deve iniciar uma nova era no país, que vinha sendo governado pelos conservadores desde 2011.O socialista Pedro Sánchez tomou posse oficialmente neste sábado (02/06) como presidente do governo da Espanha, diante do rei Felipe 6° e na presença de seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy.

Sánchez toma posse como chefe de governo espanhol diante do rei Felipe 6°: sem uso da Bíblia e do crucifixo
Sánchez toma posse como chefe de governo espanhol diante do rei Felipe 6°: sem uso da Bíblia e do crucifixo
Foto: DW / Deutsche Welle

Na cerimônia, celebrada no Palácio da Zarzuela, em Madri, Sánchez prestou juramento sem fazer uso da Bíblia e do crucifixo, como é tradicional na Espanha. A opção de abrir mão dos símbolos cristãos na posse existe desde julho de 2014, tendo sido criada pouco depois da proclamação de Felipe 6°.

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Líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez é um economista de 46 anos, sendo o primeiro chefe de governo que chega ao cargo depois de ganhar uma moção de censura, que derrubou nesta sexta-feira o líder do conservador Partido Popular (PP), Mariano Rajoy.

O episódio foi desencadeado por uma condenação de uso de caixa 2 por políticos do PP. Por uma peculiaridade da Constituição espanhola que visa evitar vácuos de poder, o autor de um pedido bem-sucedido de moção de censura pode ser nomeado novo chefe de governo.

Para derrubar Rajoy era necessário o apoio de 176 deputados - o socialista conseguiu 180. Em 2015, Sánchez chegou a dizer que o rival não era um político "decente", por causa dos casos de corrupção protagonizados nos últimos anos por seus correligionários.

O novo premiê, vai ser o terceiro socialista a comandar o governo espanhol desde 1977, na era pós-Franco. No poder, vai liderar um governo de minoria e provavelmente terá que procurar apoio de outros grupos políticos e ainda acomodar as exigências de partidos menores que apoiaram sua moção contra Rajoy.

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Por décadas, a política espanhola foi marcada pelo bipartidarismo. O PSOE e o PP dividiam entre si largas fatias do eleitorado. Até 2011, por exemplo, as duas legendas acumulavam 84% dos votos e 92% dos mandatos parlamentares. No entanto, o sistema começou a ruir quando milhões de eleitores debandaram para novas legendas, como o Podemos e o Cidadãos. Hoje a política espanhola está dividida em pelo menos quatro forças e legendas nacionalistas nanicas viram seu poder de barganha aumentar em meio às disputas políticas.

O partido de Sánchez, o PSOE, só conta com 84 dos 350 deputados da Câmara. O Senado, por sua vez, é dominado pelo PP. A moção do socialista chegou a receber o apoio do partido de esquerda Podemos, que tem 69 deputados, mas a convivência entre as duas legendas promete não ser tranquila, segundo aponta a imprensa espanhola, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

A convivência também deve ser difícil com o partido Ciudadanos (Cidadãos), que se opôs à moção e conta com 32 deputados. A legenda liberal tem apresentado bons números nas pesquisas eleitorais e exige eleições antecipadas antes do fim da atual legislatura - e consequentemente ante do término do mandato de Sánchez como premiê -, que deve ser encerrada em 2020.

MD/efe/lusa/dpa/ap

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