O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu rumores de que o Brasil tenha tido qualquer envolvimento no regresso do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, a seu país ou em abrigá-lo na Embaixada do Brasil na capital hondurenha, Tegucigalpa. "Vocês vão ter que acreditar num golpista ou em mim", disse o presidente Lula, em Pittsburgh, pouco antes de partir rumo ao jantar oferecido pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para os chefes de Estado e de governo que participam da reunião do G20, que está sendo realizada na cidade americana.
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A declaração é uma resposta ao comunicado emitido nesta quinta-feira pelo ministério das Relações Exteriores do governo interino de Honduras no qual afirma que houve "uma evidente intromissão do governo do senhor Lula da Silva nos assuntos internos de Honduras ao acolher Zelaya".
O documento afirma ainda que declarações feitas pelo próprio Zelaya colocam em xeque os comentários do chanceler Celso Amorim de que o Brasil não teve qualquer conhecimento prévio da intenção de Zelaya. "Essas informações foram categoricamente desmentidas pelo seu principal beneficiário e protegido, o senhor José Manuel Zelaya Rosales, que ontem (quarta-feira) declarou, a partir da representação do Brasil em Tegucigalpa que "foi uma decisão pessoal e foi consultada com o presidente Lula e o chanceler Amorim",afirma o documento.
Ao ser indagado pelos repórteres se poderia falar sobre a crise em Honduras, Lula respondeu, pouco antes de entrar na limousine que o levaria ao jantar com os chefes de Estado, o presidente afirmou: "Deixa o presidente golpista sair".
Participação
O líder brasileiro concedeu uma entrevista exclusiva à rede de TV pública americana PBS na qual deu declarações sobre o mesmo tema, mas não respondeu quando indagado se teria havido uma suposta participação brasileira no retorno de Zelaya. "Ele teve que parar em alguma embaixada, e eu acho que a preocupação não é saber em que embaixada ele está ou como chegou à embaixada. Porque eu recebi informações de Nova York (onde o presidente estava por conta de sua participação na Assembléia Geral da ONU)", disse.
"O caso concreto é que você tem um golpista no poder. E o presidente eleito democraticamente foi afastado do cargo. E é justo que o presidente eleito queira voltar a seu cargo", comentou o presidente. Durante a tarde, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, desmentiu enfaticamente que o Brasil tenha tido qualquer envolvimento no regresso do líder eleito de Honduras ou que tivesse negociado nos bastidores para que ele fosse acolhido na representação do país.
"Categoricamente, não. Categoricamente, não. Se tivéssemos (feito negociações), eu não teria nenhuma dificuldade em dizer que houve", afirmou Garcia. "Nós fomos informados, o presidente, eu e o ministro (Luiz) Dulci, quando estávamos no avião. Imediatamente, o presidente Lula entrou em contato com o ministro Amorim em Nova York e com o secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães, que começaram a tomar medidas. Mas nós não tivemos nenhuma informação sobre isso".
Visita de Ahmadinejad
Marco Aurélio Garcia também afirmou que a aguardada visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil deverá se dar no próximo dia 23 de novembro. O presidente Lula, por sua vez, também deverá visitar o Irã, mas a visita do brasileiro só deverá ocorrer no início do ano que vem.
Lula se encontrou com Ahmadinejad nesta quarta-feira, em Nova York, onde os dois líderes participaram da Assembléia da ONU. O assessor da Presidência negou que a visita represente um endosso brasileiro ao contestado resultado das eleições presidenciais iranianas, nas quais Ahmadinejad foi reeleito.
O Brasil, disse Garcia, "não endossa nem desendossa. Se amanhã o presidente Karzai quisesse ir ao Brasil nós não estaríamos nem endossando nem deixando de endossar as críticas ao processo eleitoral que existe lá", afirmou, em referência às eleições do Afeganistão, lideradas pelo presidente Hamid Karzai, mas que contaram com várias denúncias de fraude e manipulação por parte da oposição.
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Manifestantes protestam a favor do governo de Micheletti
Foto: Reuters
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O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya conversa, refugiado na embaixada brasileira
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Soldados ficam a postos na entrada da embaixada brasileira, em Tagucigalpa
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Xiomara Castro (centro), mulher do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, senta perto de seu filho, Jose Manuel (direita), em uma sala da embaixada brasileira de Tegucigalpa
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Simpatizantes de Zelaya dormem no entorno do prédio da embaixada brasileira
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Soldados fazem patrulha no perímetro da embaixada brasileira
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Pessoas tiveram que dormir no chão do corredor da embaixada brasielira em Honduras
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Simpatizante de Zelaya dorme sobre mesa
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Imagem mostra supermercado saqueado em Tegucigalpa
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Menino empurra carrinho de supermercado no bairro El Pedregal, em Tegucigalpa
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Cinegrafista capta imagens de um supermercado saqueado na capital de Honduras
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Moradores caminham em rua com pedras e obstáculos em Tegucigalpa
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Apoiadores de Zelaya recebem comida na embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Partidários do líder deposto improvisam para tomar banho na embaixada brasileira
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Jornalistas e fotógrafos dormem na embaixada do Brasil em Honduras
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Zelaya fala ao telefone dentro da embaixada brasileira em Honduras
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Policiais se protegem enquanto jogam gás lacrimogênio contra manifestantes em frente à embaixada brasileira
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Policial passa em frente a muro da embaixada em que se lê "Chegou o dia de suas mortes, seus golpistas miseráveis"
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Apoiadores de Zelaya descansam dentro da embaixada brasileira, em Tegucigalpa
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Soldados retiram pedras que bloqueavam rua após a dispersão dos manifestantes
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Carro destruído durante o confronto entre apoiadores de Zelaya e a polícia é retirado da rua
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Soldados se organizam para dissipar apoiadores do presidente deposoto Manuel Zelaya, em frente à embaixada brasileira, em Tegucigalpa
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Cidadãos de Honduras manifestam, em frente à embaixada brasileira, seu apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya
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Em apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, cidadãos gritam palavras de ordem em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
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O presidente deposto, Manuel Zelaya, segura a bandeira hondurenha, na embaixada do Brasil, em Tegucigalpa.
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Manifestantes, em apoio ao presidente deposto Manuel Zelaya, fogem das bombas de gás lançadas pela polícia hondurenha
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Gás lacrimogêneo é utilizado para dispersar manifestantes
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Manifestantes correm de local onde ocorreu o conflito com a polícia
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Policial atira contra manifestantes
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Jatos de água foram utilizados para dispersar a multidão
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Polícia usa escudos para dispersar manifestantes
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Manifestantes se jogam no chão, após confronto com policiais, que utilizaram gás lacrimogêneo
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Polícia contêm manifestantes em frente à embaixada brasileira em Honduras
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Policial cercam embaixada brasileira em Tegucigalpa
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O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, se abrigou na embaixada brasileira de Honduras
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Zelaya concede entrevistas na embaixada brasileira em Honduras
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Simpatizantes de Zelaya esperam em frente à embaiaxada brasileira
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O presidente deposto Manuel Zelaya foi à embaixada brasileira ao chegar em Honduras
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Zelaya é recebido por seus apoiadores em Tegucigalpa
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Manuel Zelaya fecha a porta na embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Apoiadores de Zelaya comemoram sua volta ao país, em Tegucigalpa
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Manifestantes gritam palavras de ordem em frente ao prédio da ONU na capital hondurenha
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Zelaya foi para a embaixada do Brasil em Honduras
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Zelaya conversa ao telefone observado por sua mulher, Xiomara, na embaixada brasileira
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Zelaya voltou a Honduras para tentar retomar o poder
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Celso Amorim falou durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU
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Roupas de apoiadores de Zelaya são penduradas na embaixada brasileira
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Xiomara Castro, mulher de Zelaya, reclama para soldado sobre os conflitos com partidários
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Soldados hondurenhos montam guarda nos arredores da embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Bombeiros verificam a tubulação de gás nas proximidades do prédio da representação brasileira
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A embaixada está cercada desde o dia 21 de setembro
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Partidário de Zelaya é observado por policial em frente à Embaixada brasileira
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Partidários de Zelaya fazem protesto nas proximidades da Embaixada brasileira
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Palhaço posa como soldado durante marcha em Tegucigalpa
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Apoiador de Zelaya limpa o chão da embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Mulher pendura roupas em varal improvisado na embaixada
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No domingo, o presidente deposto Manuel Zelaya concedeu entrevista na embaixada brasileira
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Soldados são transportados durante ronda, no toque de recolher da capital Tegucigalpa
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Soldado hondurenho segura aviso em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
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A estudante Wendy Elizabeth Ávila, morta em conflito com a polícia, é enterrada em Tegucigalpa
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Mulheres seguram cartazes e pedem o diálogo em Honduras
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Apoiador de Zelaya lava a cabeça com uma mangueira no pátio da embaixada brasileira
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Polícia retira ocupantes do Instituto Nacional Agrário
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Policial dá instruções a apoiadores de Zelaya expulsos de um prédio público em Tegucigalpa
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Manuel Zelaya aparece na janela da embaixada brasileira
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Manifestante é preso durante protesto em frente a empresas de rádio e televisão
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Policiais evacuam o prédio do Instituto Nacional da Reforma Agrária (INRA), em Tegucigalpa
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Manifestante esfrega os olhos após ter sido atingido por gás lacrimogêneo
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Policiais acompanham manifestação em apoio a Manuel Zelaya
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A polícia avança sobre os protestantes em Tegucigalpa
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Soldado lê jornal enquanto os outros fazem guarda em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Apoiadora de Zelaya participa de protesto próximo à embaixada brasileira
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Simpatizante de Manuel Zelaya toma um banho improvisado no pátio da embaixada brasileira
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Policiais e manifestantes entrem em confronto em Tegucigalpa
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Apoiador de Zelaya balança bandeira do Partido Liberal
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Manifestantes levantam a bandeira de Honduras
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Policiais jogam gás lacrimogêneo em manifestantes, em Tegucigalpa
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Menino observa o conflito na capital hondurenha
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Manifestante segura cartaz durante o protesto
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Policiais correm após jogarem gás lacrimogêneo
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Idosa cobre o rosto após ser atingida pelo gás
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Manuel Zelaya fala ao telefone na embaixada brasileira, onde está hospedado há um mês
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