Trump chegou à ONU enquanto Lula discursava na Assembleia Geral, perdendo o início da fala do líder brasileiro, marcada por críticas às sanções americanas em meio a uma crise diplomática.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou ao prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no mesmo momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subia ao púlpito do plenário da Assembleia Geral para iniciar seu discurso, na manhã desta terça-feira, 23.
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Trump não assistiu ao início do discurso do líder brasileiro, quando Lula fez duras críticas às retaliações aplicadas pelos EUA contra o Brasil e autoridades brasileiras em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que condenou o ex-presidente a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
O presidente Trump está hospedado na Trump Tower, a cerca de 2,4 quilômetros das Nações Unidas, e saiu do local às 9h42 (10h42, no horário de Brasília).
Lula iniciou seu discurso na ONU com críticas às sanções aplicadas pelos Estados Unidos, sem citar diretamente o presidente Donald Trump ou o país. Ele defendeu a democracia e a soberania nacional, afirmando que 'o multilateralismo está diante de uma encruzilhada' e que 'a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável'.
“Mesmo sob um ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo, após duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativas para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições”, afirmou Lula.
Ao falar sobre o processo contra Bolsonaro, Lula afirmou que o ex-chefe de Estado teve amplo direito de defesa. Nesse sentido, a ingerência de nações estrangeiras no tema é “inaceitável.” “Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, afirma Lula. “Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”.
A 10ª participação de Lula no evento acontece em meio a uma crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, país anfitrião da Assembleia. A 80ª edição do encontro, que teve início nesta terça-feira, 23, reúne mais de 150 líderes internacionais.
No total, sem contar a edição deste ano, Lula já abriu oito assembleias-gerais – as de 2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2023 e 2024. Em 2005, o pronunciamento foi feito em uma reunião que antecedeu a Assembleia Geral – e a abertura do evento foi realizada por Celso Amorim, agora assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República. O único ano em que não participou foi em 2010, quando estava focado na campanha eleitoral de Dilma Rousseff – e Celso Amorim também fez a vez.