Resgate na Tailândia: Os 3 motivos que explicam como 12 meninos e seu treinador sobreviveram por 17 dias na caverna

Operação para retirar time de futebol infanto-juvenil do subterrâneo mobilizou milhares de militares, voluntários e até mergulhadores vindos de outros países.

11 jul 2018 - 18h10
(atualizado em 12/7/2018 às 13h27)

Dezessete dias se passaram até que todos os 12 meninos tailandeses e seu técnico de futebol fossem resgatados.

O mundo acompanhou o drama que terminou na segunda-feira, com o resgate bem-sucedido de todo o grupo do complexo de cavernas Tham Luang, na Tailândia, apesar da morte de um dos mergulhadores socorristas.

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Mas antes de dois mergulhadores ingleses os encontrarem, no dia 3 de julho, e de começarem a receber tratamento de especialistas, o grupo sobreviveu nove dias no escuro, sem ter certeza de que uma operação de busca estava em curso do lado de fora da caverna.

Gotas de água, lanches de aniversário e meditação ajudaram a manter a equipe viva até a chegada dos mergulhadores.

Água e comida levados para o lanche

Pheeraphat Sompiengjai, conhecido como Night, quis comemorar seus 17 anos, completados no dia 23 de junho, com seus 11 colegas do time de futebol e o técnico depois do treino daquele dia. Foram passear no complexo de cavernas, mas ficaram presos por causa das cheias.

Os garotos haviam comprado lanche para celebrar o aniversário. Tudo indica que foram os petiscos que ajudaram a sobreviver no período em que ficaram desaparecidos.

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Antes de entrarem na caverna, os meninos compraram lanche para comemorar o aniversário de um deles
Antes de entrarem na caverna, os meninos compraram lanche para comemorar o aniversário de um deles
Foto: Facebook/ekatol / BBC News Brasil

Não se sabe exatamente como o pequeno suprimento de comida que o grupo levava foi consumido no período, mas o técnico Ekapol Chantawong teria se recusado a comer para deixar mais para os meninos. Por isso, era o mais fraco do grupo quando eles foram encontrados.

Quando as equipes de resgate chegaram, eles receberam "alimentos especiais, de fácil digestão e mais calóricos, com vitaminas e minerais, sob a supervisão de um médico", segundo informou o almirante Arpakorn Yuukongkaew, comandante da Marinha Tailandesa.

Eles também contaram com gotas d'água que pingavam na caverna.

Os médicos que trataram os meninos depois do resgate disseram que eles estavam em bom estado de saúde, dadas as condições às quais estavam submetidos.

"Estavam em boas condições e não estavam estressados", disse Thongchai Lertwilairattanapong, inspetor do departamento de saúde da Tailândia. "A maioria deles perdeu 2 quilos".

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Especialistas estimam que o ser humano possa ficar sem comer por um período de 30 a 45 dias, mas que não resiste muito sem água.

Alguns calculam que o tempo de sobrevivência sem ingerir o líquido varia de três a cinco dias, dependendo da pessoa, mas há casos que superam esse limite.

Reforço trazido de fora para o oxigênio

Quando os meninos ficaram presos, o suprimento de ar não era, inicialmente, um problema.

"A maioria das cavernas tem ar natural", diz Anmar Mirza, coordenadora nacional da comissão de resgate de cavernas nos EUA.

No entanto, à medida que os dias foram passando, o nível de oxigênio na caverna caiu. Dos 21% normalmente registrados, foi reduzido a cerca de 15%.

E foi justamente ao transportar tanques de ar para os garotos que o mergulhador da Marinha tailandesa Saman Gunan morreu.

Exercícios para a saúde mental

Dezenas de pessoas têm visitado os arredores de hospital para onde foram levadas crianças resgatadas de caverna na Tailândia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A maior preocupação era com a saúde mental do grupo.

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O time tinha de lidar com a escuridão e com a dúvida sobre se havia ou não uma operação em curso para procurá-los.

O treinador se esforçou para manter os meninos calmos. Ex-monge budista, ele ensinou técnicas de meditação para ajudar os garotos a controlar o estresse.

Quando os socorristas chegaram, ajudaram os meninos a se comunicar com a família por meio de cartas e vídeos.

Na carta que escreveu, o treinador pediu desculpas aos pais por ter levado os meninos à caverna. "Prometi que cuidaria das crianças da melhor forma que eu pudesse." Mas a maioria dos pais respondeu dizendo que não o culpavam.

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