Reformistas e moderadores do Irã defendem relações diplomáticas com Estados Unidos

O Irã ainda enfrenta instabilidade depois do fim da "guerra dos 12 dias", que envolveu confrontos armados com Israel e Estados Unidos, culminando na destruição das principais instalações nucleares iranianas. Desde então, o país não conseguiu retornar à normalidade.

21 ago 2025 - 13h09
(atualizado às 14h15)

O Irã ainda enfrenta instabilidade depois do fim da "guerra dos 12 dias", que envolveu confrontos armados com Israel e Estados Unidos, culminando na destruição das principais instalações nucleares iranianas. Desde então, o país não conseguiu retornar à normalidade.

O então presidente iraniano Hassan Rouhani preside uma reunião de gabinete, em Teerã, em 23 de maio de 2020.
O então presidente iraniano Hassan Rouhani preside uma reunião de gabinete, em Teerã, em 23 de maio de 2020.
Foto: Presidencia de Irán/AFP/Archivos / RFI

Informações de Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã 

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O líder supremo, Ali Khamenei, passou as últimas três semanas monitorando de perto o cenário político interno no Irã. Nesse período, desde o fim dos ataques israelenses e americanos, as ideias de grupos reformistas e moderados ganharam força.

Presidente do Irã entre 2013 e 2021, Hasan Rohani afirmou em um discurso que as Forças Armadas, em particular os Guardiões da Revolução, devem abandonar todas as suas atividades econômicas e políticas. O ex-presidente também declarou que o Irã se encontra em um ponto de inflexão e defendeu a reaproximação diplomática com países ocidentais, em particular com os Estados Unidos, para retomar o caminho da reconstrução e da estabilidade nacional.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, manifestou sua opinião em um artigo publicado pela revista Foreign Affairs. No artigo, ele afirma que, após a guerra desencadeada por Israel e os Estados Unidos, o Irã deve mudar suas relações com os países da região, mas também com os europeus e até mesmo com os americanos.

Nesta mesma direção, a coalizão de partidos reformistas solicitou, por meio de uma carta, a suspensão do enriquecimento de urânio, a normalização das relações diplomáticas com o Ocidente e o fim de todas as pressões políticas.

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País dividido

Alguns conservadores afirmam que essa postura enfraquece a posição do Irã, que pode se tornar alvo de novos ataques de Israel e dos EUA, que exigem o fim das atividades nucleares iranianas.

Os ultraconservadores se tornaram hostis diante deste nova proposta de mudança e fizeram denúncias, principalmente sobre o pedido de suspensão do enriquecimento de urânio e sobre a retomada da relação diplomática com os Estados Unidos.

Mas os ultraconservadores perderam influência na política nacional. No plano político, a morte de um dos líderes dos Guardiões da Revolução durante os ataques israelenses debilitou o grupo.

Pressão externa

Alemanha, França e Reino Unido ameaçaram ativar até o fim deste mês uma medida que restabeleceria as sanções da ONU suspensas em virtude do acordo de 2015, a menos que Teerã aceite desacelerar o ritmo de enriquecimento de urânio e restaurar a cooperação com os inspetores.

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O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou na quarta-feira que Alemanha, França e Reino Unido não têm o direito de ativar o mecanismo de reimposição de sanções previsto no acordo nuclear de 2015 ou prorrogar o prazo de outubro para ativá-lo.

"Se acreditamos que eles não têm o direito de aplicar a cláusula de restabelecimento, é lógico que também não têm o direito de estender seu prazo", declarou o ministro à agência de notícias estatal Irna.

As três nações, juntamente com Estados Unidos, China e Rússia, assinaram em 2015 um acordo com o Irã que previa restringir o desenvolvimento do programa nuclear iraniano em troca de uma suspensão progressiva das sanções da ONU. Três anos depois, Washington se retirou unilateralmente do pacto.

O Irã também sofre com restrições às exportações de petróleo. Isso tem provocado alta inflação que afeta todos os níveis da sociedade, especialmente as classes populares.

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