Presidente paraguaio critica suspensões do Mercosul e Unasul

1 jul 2012 - 12h21
(atualizado às 12h45)

O presidente paraguaio, Federico Franco, criticou neste domingo a suspensão do país do Mercosul e da Unasul, além de ter afirmado que nenhuma força estrangeira poderá afastar o país do rumo decidido pelo Congresso com a destituição de Fernando Lugo.

A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
Foto: AFP

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"O Paraguai lamenta as vexatórias sanções do Mercosul e da Unasul, ditadas em aberta violação dos tratados vigentes e sem nos conceder o direito de defesa. Nenhuma força estrangeira nos afastará deste rumo", enfatizou em uma mensagem lida na abertura do ano legislativo do Congresso.

Franco chamou de "injusta e desproporcional a reação dos países vizinhos, que se excederam em suas faculdades", em uma referência à suspensão do Paraguai dos dois blocos em consequência do impeachment, por "mau desempenho das funções", Lugo em um julgamento político no dia 22 de junho. Os líderes sul-americanos consideraram que Lugo foi submetido a um julgamento sem garantias do processo devido.

Franco anunciou que apelará a ações sob o amparo do direito internacional. "Uma longa relação de dignidade da República do Paraguai nos inspira e nos guia", disse.

Ao mesmo tempo, o presidente destituído Fernando Lugo criticou a classe política de seu país e afirmou que avalia uma candidatura ao Senado nas eleições de abril de 2013, em uma entrevista ao jornal argentino Clarín. Luto considerou que seu grande erro foi "confiar demais nos políticos tradicionais paraguaios".

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Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

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