Polêmica sobre incentivos e impostos racha governo Meloni

Ministério da Economia quer taxar bebidas açucaradas

14 mai 2024 - 15h33
(atualizado às 15h42)

O ministro da Economia da Itália, Giancarlo Giorgetti, afirmou nesta terça-feira (14) que o governo busca alternativas para adiar a implementação da "sugar tax", um imposto sobre bebidas sem álcool açucaradas que foi aprovado no país em 2019, mas que acabou sendo adiado diversas vezes e nunca entrou em vigor.

    A declaração marca um passo atrás sobre a questão - Giorgetti havia afirmado que pretendia começar a aplicar o imposto a partir de 1º de julho de 2024, em formato reduzido, por dois anos. Em julho de 2026, ela entraria em vigor integralmente.

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    Já a "plastic tax", que diz respeito a embalagens descartáveis não compostáveis para produtos alimentícios, aprovado junto com a "sugar tax", teria sua implementação novamente adiada, entrando em vigor também em 2026.

    "Estamos fazendo um esforço neste momento para tentar, muito arduamente, encontrar uma cobertura financeira para adiar a entrada em vigor [da sugar tax] para 1º de janeiro de 2025.

    Acredito que, no fim, conseguiremos. Mas penso que este não seja o tema central da política econômica deste país", declarou Giorgetti em uma entrevista ao jornal La Verità.

    Ele também confirmou que a aplicação da "plastic tax" não será imediata: "Na emenda que apresentamos consta o adiamento para 2026. Mas ninguém me agradeceu por isso, então me auto-agradeço", disse.

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    O tom das falas reflete a polêmica política gerada pelo anúncio da implementação, alvo de críticas pela oposição e até mesmo por membros do governo.

    Na última sexta-feira (10), por exemplo, Giorgetti, que também é vice-secretário da Liga, e o vice-premiê e chanceler Antonio Tajani, secretário do partido Força Itália (FI), entraram em conflito. Tajani se disse firmemente contrário à entrada em vigor, enquanto Giorgetti o acusou de não respeitar os compromissos assumidos previamente.

    Os impostos foram aprovados durante o governo de Giuseppe Conte e, apesar da polêmica, o texto passou pelo Parlamento com a condição de adiamento do início da aplicação. O governo argumentava que o objetivo era, além de gerar mais receitas, incentivar comportamentos mais virtuosos por parte das empresas e consumidores.

    A "sugar tax" prevê uma alíquota única de 10 centavos por litro aplicada sobre bebidas líquidas com mais de 25 gramas de açúcar por litro, e de 25 centavos por litro sobre bebidas solúveis em pó com mais de 125 gramas de açúcar por quilo. À época da aprovação, estimativas apontavam que a cobrança renderia 275 milhões de euros por ano aos cofres públicos.

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    Na entrevista desta terça-feira, Giorgetti ainda criticou o polêmico "Superbônus", um programa de incentivos fiscais para obras que melhorem a eficiência energética de edifícios, alvo de críticas por seu custo público.

    "O Superbônus é uma medida excepcional para tempos excepcionais e devemos sair desse tipo de droga econômica. A desintoxicação, infelizmente, é dolorosa, mas alguém tem que fazê-la, alguém deve ordená-la considerando que quem é mais interessado e se beneficia disso não concorda. Devemos sair da droga, a droga não é uma coisa boa. Então, espero que se coloque realmente um ponto final, e é justo e também meu dever, como ministro da Economia e Finanças, deixar a situação clara", afirmou.

    Na última sexta, Giorgetti apresentou uma proposta de emenda ao decreto que instituiu o benefício, limitando as despesas ligadas à medida.

    A intenção também causou polêmicas. Tajani, por exemplo, que já vinha pedindo uma confirmação total ou parcial da manutenção dos incentivos fiscais, afirmou que seu partido votará contra o decreto-lei proposto pelo governo caso não haja alterações: "Se forem encontradas soluções positivas, estou sempre pronto para compromissos". .

  
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