Onda de violência no Iraque deixa 128 mortos em dois dias, combatentes tomam cidade

24 abr 2013 - 18h37

Pelo menos 128 pessoas morreram em dois dias de violência no Iraque, a maior parte em atos ligados a manifestações de sunitas contra o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, enquanto combatentes tomaram o controle de uma cidade, agravando a crise política no país, indicaram autoridades locais nesta quarta-feira.

Os confrontos mais violentos desta quarta foram registrados em Soulaiman Bek, ao norte de Bagdá, onde cinco soldados e sete homens armados foram mortos, segundo um oficial.

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O deputado Ashwaq al-Jaf indicou dezenas de feridos em ataques aéreos nesta região, com um oficial confirmando que o Exército tinha recorrido a helicópteros.

Em seguida, autoridades indicaram que homens armados tinham tomado o controle de Soulaiman Bek após confrontos sangrentos com as forças de segurança.

Segundo Shalal Abdul Baban, membro da administração local, e Niyazi Maamar Oghlu, integrante do Conselho provincial de Salaheddin, do qual faz parte Soulaiman Bek, uma cidade estratégica que liga Bagdá à Tuz Khurmatu, ao norte de Soulaiman Bek, foi bloqueada.

À noite, pelo menos sete pessoas morreram e 23 ficaram feridas em um atentado com carro-bomba em um mercado do leste de Bagdá.

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Homens armados também atacaram um posto de controle mantido por milicianos do grupo dos Sahwa, hostil à rede Al-Qaeda, no nordeste da capital, matando quatro. Em Fallujah, a oeste de Bagdá, um morteiro atingiu a casa de um membro do conselho provincial ferindo um homem e duas crianças. A autoridade escapou ilesa.

A violência começou na terça em Huweijah (norte), quando a polícia interveio em um protesto no quarto mês de manifestações contra a política de Maliki.

Tumultos eclodiram entre manifestantes e tropas anti-motins seguidos de ataques de represália contra as forças de segurança em diversas regiões.

Os confrontos em Huweijah deixaram 53 mortos e a série de ataques de represálias, 27.

Nesta quarta, 23 pessoas morreram, incluindo 19 em ataques semelhantes, segundo autoridades. A violência causou outras 15 mortes em episódios de violência sem ligação com as manifestações.

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Durante dois dias, pelo menos 269 pessoas ficaram feridas, incluindo 195 em confrontos ligados aos protestos, de acordo com fontes policiais e médicas.

Esses atos de violência são os mais sangrentos desde que, em dezembro, tiveram início as manifestações contra Maliki nas províncias de maioria sunita do norte do país para exigir a saída do primeiro-ministro e o fim da "marginalização" da comunidade sunita, minoritária no país.

Este panorama agrava ainda mais o quadro de crise política no país--os detratores de Maliki na coalizão governamental o acusam de abuso de poder--, em meio à retomada de atentados praticados pelos grupos extremistas sunitas, incluindo o braço iraquiano da Al-Qaeda, contra símbolos do Estado e da comunidade xiita.

Após a violência de terça-feira, dois ministros sunitas pediram demissão, elevando para quatro o número de ministros dessa corrente religiosa que deixaram a Coalizão desde 1º de março.

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Abdelghafur al-Samarrai e Saleh al-Haidari, duas lideranças religiosas que dirigem respectivamente fundações sunita e xiita, alertaram para um conflito confessional e pediram que as facções políticas se reúnam na sexta para acabar com a violência.

Samarrai denunciou "um plano malévolo para empurrar o país para um conflito sectário" e ressaltou que havia concordado com Haidari a respeito da necessidade de "uma ação rápida para pôr fim à violência e acabar com este complô".

Durante os funerais de 34 vítimas em Kirkuk (norte), centenas de pessoas prometerem "vingar os mártires de Huweijah".

"O que ocorreu foi um massacre e a situação é catastrófica e perigosa. Precisamos trabalhar para apaziguar as tensões", declarou o vice-governador de Kirkuk, Rakan Said.

Os Estados Unidos condenaram a violência.

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"Não há lugar para um conflito sectário em um Estado democrático", indicou o Departamento de Estado, pedindo "que o povo do Iraque e seus líderes encontrem soluções através das instituições". As tropas americanas se retiraram do Iraque no final de 2011.

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