Mercosul aborda reingresso do Paraguai e caso Morales

11 jul 2013 - 18h34
(atualizado às 18h40)

O Mercosul tenta chegar nesta quinta-feira a um acordo sobre o retorno do Paraguai ao bloco e emitirá uma resolução conjunta sobre a "ofensa" ao presidente boliviano, Evo Morales, por parte das autoridades europeias, informaram fontes oficiais.

"Falamos sobre temas relacionados obviamente à reincorporação do Paraguai", disse o chanceler uruguaio, Luís Almagro, ao final de um almoço com seus pares do Mercosul. "Existe uma grande disposição de todos os membros do bloco para que cheguemos a um entendimento até 15 de agosto", quando o presidente eleito do Paraguai, Horácio Cartes, tomará posse.

Publicidade

O uruguaio disse ainda que serão dadas ao Paraguai "todas as garantias da disposição dos integrantes" do bloco, formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela. O Paraguai -- suspenso do grupo após a manobra política que destituiu o presidente Fernando Lugo em junho de 2012 -- não participa da cúpula em Montevidéu.

Tanto Cartes quanto o governo paraguaio afirmaram esta semana que o Paraguai não retornará ao bloco caso a Venezuela assuma a presidência rotativa do organismo, o que está previsto para ocorrer nesta sexta-feira, quando os presidentes se reunirão na capital uruguaia.

Assunção sustenta que o ingresso da Venezuela -- incorporada há um ano, em sua ausência -- foi irregular porque o Parlamento paraguaio não ratificou a decisão.

Atual diretor do grupo, o Uruguai afirma que passará o comando a Caracas.

Publicidade

"O único que não pode assumir a presidência hoje é o Paraguai, o que alteraria completamente a ordem e a regulamentação do Mercosul", disse o chanceler Almagro após a primeira reunião do Conselho de Marcado Comum do bloco.

O ministro disse à AFP que a ideia de que o Paraguai poderá assumir a presidência temporária do bloco "quando estiver em condições" é consenso entre os membros. Apesar disso, ele não falou em datas concretas.

O Mercosul ainda deve produzir "uma resolução" sobre espionagem, asilo político e sobre a "ofensa" ao presidente da Bolívia, Evo Morales, para quem países europeus fecharam o espaço aéreo na semana passada, disse o chanceler venezuelano, Elías Jaua, cujo país assumirá pela primeira vez a presidência pró-tempore do bloco nesta sexta-feira.

O chanceler uruguaio disse ainda que durante o almoço dos ministros falou-se sobre "a espionagem no continente" e "assuntos relacionados à possibilidade de direito de asilo".

Publicidade

"Temos considerado até o momento que as explicações ou as desculpas que os países europeus nos deram pelo caso do presidente Morales são insuficientes", enfatizou o anfitrião.

Num encontro paralelo às reuniões do Mercosul, o secretário-geral da Associação Latino-americana de Integração (Aladi), Carlos Alvarez, se solidarizou com a Bolívia pela "humilhação" sofrida por Morales, durante uma cerimônia para o fechamento de acordos na presença dos chanceleres da Bolívia, David Choquehuanca, e da Venezuela, Elías Jaua.

O chanceler boliviano agradeceu o gesto e pediu a articulação de um " movimento mundial para defender as soberanias, para defender os direitos humanos".

Venezuela ofereceu asilo político a Snowden, que deixou os Estados Unidos após revelar programas de espionagem massivos por parte dos Estados Unidos a vários de seus parceiros europeus. As denúncias de Snowden também envolvem países da América do Sul, como o Brasil, maior membro do Mercosul.

Publicidade

Segundo o Uruguai, o bloco também discutirá a "adesão da Bolívia" e em particular no "prazo de quatro anos" para formalizar o ingresso do país andino.

As negociações de livre-comércio com a União Europeia -- estancadas -- também estarão na ordem do dia de presidentes e chanceleres, informou o anfitrião Almagro.

Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações