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Igreja armênia canoniza 1,5 milhão de vítimas do genocídio

Essa foi a maior canonização já realizada por uma Igreja cristã

23 abr 2015 - 13h00
(atualizado às 14h05)
Sacerdotes participam da cerimônia de canonização das vítimas do massacre armênio no altar da principal catedral da Armênia, em Echmiadzin
Sacerdotes participam da cerimônia de canonização das vítimas do massacre armênio no altar da principal catedral da Armênia, em Echmiadzin
Foto: David Mdzinarishvili / Reuters

A cerimônia de canonização das 1,5 milhão de vítimas do genocídio armênio, perpetrado pelos turcos otomanos, foi realizada nesta quinta-feira na Armênia, na véspera das cerimônias oficiais do centenário dos massacres.

"As almas das vítimas do genocídio vão enfim encontrar o descanso eterno", comemorou Vardoukhi Chanakian, de 68 anos, um funcionário público de Yerevan, capital da Armênia.

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A missa de canonização foi celebrada pelo chefe da igreja armênia, Catholicos Karékine II, em Etchmiadzin, a 20 km de Yerevan, em um edifício do século IV que é considerado a catedral cristã mais antiga do mundo.

Trata-se da maior canonização realizada por uma Igreja cristã.

"Mais de um milhão de armênios foram deportados, mortos, torturados, mas se mantiveram fiéis a Cristo", ressaltou Karékine.

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A cerimônia terminou às 19H15 (12H15 de Brasília), uma escolha simbólica em memória de 1915, ano em que o genocídio começou.

Logo depois, os sinos de todas as igrejas armênias soaram em todo o mundo e um minuto de silêncio foi observado por toda a comunidade dos armênios.

A Igreja apostólica armênia convocou todos os armênios a "participar deste evento histórico".

Ao canonizar as vítimas, "a Igreja reconhece os fatos, que significa o genocídio", declarou Karékine II.

"Para nós, armênios, é uma obrigação moral e um direito de recordar os 1,5 milhão dos nossos que foram mortos e as centenas de milhares de pessoas que sofreram privações desumanas", ressaltou por sua vez o presidente armênio, Serge Sarkissian.

Na sexta-feira, milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo vários chefes de Estado e de Governo, vão prestar homenagem às vítimas desses massacres iniciados há 100 anos.

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Segundo a Armênia e outros países, os massacres mataram 1,5 milhão de armênios em uma campanha de eliminação sistemática comparável a um genocídio, um termo rejeitado de maneira categórica pela Turquia, que critica duramente os que utilizam a palavra.

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Ancara evoca uma guerra civil, na qual entre 300 e 500.000 armênios e turcos morreram.

Centenas de milhares de pessoas são esperadas sexta-feira em Yerevan para uma cerimônia no Memorial das vítimas do genocídio armênio. Entre os convidados estão os presidentes russo Vladimir Putin e francês François Hollande.

Em todo o mundo, várias cerimônias organizadas por muitos diásporas armênios serão realizadas, de Los Angeles a Estocolmo, passando por Paris e Beirute.

A dois dias do centenário, o Parlamento austríaco observou na quarta-feira um minuto de silêncio em memória das vítimas do genocídio armênio, pela primeira vez neste país, aliado na época dos massacres ao império otomano.

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Este gesto enfureceu Ancara, que denunciou uma "injúria ao povo turco contrário aos fatos" e chamou para consultas seu embaixador na Áustria.

Dias antes, o papa Francisco também empregou pela primeira vez o termo "genocídio" para falar sobre os massacres, enquanto o Parlamento europeu pediu a Ancara que reconheça o genocídio.

Em abril de 2014, Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro turco, deu um passo inédito ao apresentar condolências aos armênios vítimas de 1915, sem deixar de contestar a tese de extermínio.

O presidente armênio Serge Sarkissian convidou Erdogan a fazer um gesto mais forte durante o centenário este ano.

"Espero que o presidente Erdogan expresse uma mensagem mais forte em 24 de abril e que as relações (bilaterais) se normalizem", disse Sarkisian em uma entrevista ao canal de notícias turco CNN-Turk.

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