Naufrágio de um barco com cerca de 150 imigrantes nas Ilhas Canárias deixou ao menos sete mortos, incluindo três crianças, e várias pessoas em estado grave; autoridades destacam as dificuldades do resgate e o drama da imigração.
Uma tragédia marcou a manhã desta quarta-feira, dia 27, no porto de La Restinga, na ilha de El Hierro, nas Ilhas Canárias. Um cayuco (embarcação precária frequentemente utilizada por imigrantes) com cerca de 150 pessoas a bordo virou quando se aproximava do cais para o desembarque. A informação foi confirmada pelo Salvamento Marítimo, conforme o El País.
Durante a manobra de atracação, parte dos ocupantes se concentrou em um dos lados da embarcação, causando seu desequilíbrio e naufrágio. As equipes de emergência agiram imediatamente, mas ao menos sete pessoas morreram, entre elas quatro mulheres adultas e três crianças --uma de aproximadamente dez anos e duas com cerca de cinco.
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Outras vítimas estão em estado grave, incluindo um homem e uma mulher adultos. Duas crianças, um menino de três anos e uma menina de cinco, foram transferidas de helicóptero para o Hospital Nuestra Señora de la Candelaria, em Santa Cruz de Tenerife. A menina não resistiu. Quatro menores com dificuldades respiratórias foram internados no Hospital Insular Nuestra Señora de los Reyes, em El Hierro.
A embarcação Salvamar Diphda foi enviada ao local após o Sistema Integrado de Vigilância Externa (SIVE) detectar o cayuco a cerca de 11 quilômetros da costa. Ela acompanhou a embarcação até o porto de La Restinga. Segundo o Salvamento Marítimo, por se tratarem de embarcações com condições precárias de segurança e superlotadas, as operações de resgate se tornam muito mais complexas.
"Era um caos. Lá fomos todos os que pudemos: gente do povoado, polícia, mergulhadores, Salvamento... Muita colaboração de todos. Depois de tirar um monte deles, conseguiram virar o cayuco. Dentro, em uma bolha de ar, encontraram mais pessoas", disse o empresário Javier Iglesias ao jornal espanhol.
"É uma tragédia que dá rosto humano à tragédia da imigração", disse o delegado do Governo nas Ilhas Canárias, Anselmo Pestana.
Para ele, o momento do naufrágio é sempre crítico: "Vieram após uma travessia muito dura e muito longa pelo mar. Muitos deles chegam em um estado de um cansaço tremendo, que faz também com que, ao cair na água, seja muito difícil resgatá-los se o socorro não for imediato... É provável que tenham afundado muito rapidamente".
O presidente do governo das Ilhas Canárias, Fernando Clavijo, esteve em La Restinga e fez duras críticas à falta de sensibilidade das autoridades distantes da realidade local. "Esse episódio é o rosto mais duro da imigração", afirmou.
"É preciso estar aí, é preciso ver os bebês, é preciso ver como levam uma menina em uma ambulância entubada para que de verdade dimensionemos o autêntico drama que se vive a 80 quilômetros das Canárias."