Mudanças climáticas estão alterando a rotação da Terra e mundo pode perder um segundo do tempo; entenda

Efeitos do aquecimento global podem mudar o horário oficial internacional do planeta pela primeira vez na História

28 mar 2024 - 14h39

Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (27) na revista "Nature", mostrou que o derretimento do gelo polar diminuiu a velocidade de rotação do planeta Terra, atrasando em três anos a necessidade de um segundo ano bissexto.

Duncan Agnew mostrou que gelo suficiente derreteu para elevar o nível do mar de tal forma a mudar o formato da Terra e alterar a taxa de rotação do planeta
Duncan Agnew mostrou que gelo suficiente derreteu para elevar o nível do mar de tal forma a mudar o formato da Terra e alterar a taxa de rotação do planeta
Foto: Canva / Perfil Brasil

Duncan Agnew, professor de geofísica da Universidade da Califórnia e autor do estudo, mostrou que gelo suficiente derreteu para elevar o nível do mar de tal forma a mudar o formato da Terra e alterar a taxa de rotação do planeta.

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Como consequência, a forma como contamos o tempo atualmente, pode passar a mudar. O horário oficial internacional é definido por um conjunto de relógios atômicos. Porém, por motivos históricos e culturais, ainda levamos em consideração a rotação da Terra.

Devido às variações de velocidade de rotação, a duração de um dia raramente é de exatas 24 horas, fazendo que eventualmente o horário do relógio não coincida com o horário da Terra. Para corrigir essa discrepância, é usado o chamado segundo intercalar. Trata-se da adição de um segundo ao horário padrão oficial, o UTC (Tempo Universal Coordenado).

Mudanças climáticas

Desde a década de 1970, a velocidade de rotação da crosta externa têm aumentado. Atualmente, a taxa com que a Terra gira está sendo afetada por correntes no núcleo líquido do planeta. Com isso, os segundos intercalares adicionais foram menos frequentes e a tendência era de um segundo intercalar precisar ser removido do UTC, algo inédito.

O momento exato em que isso acontecerá ainda está em aberto e dependerá do nível de alteração provocada pelos seres humanos na natureza até lá. Sem a influência do derretimento das geleiras, um segundo ano bissexto já seria necessário em 2026. No entanto, o aquecimento global empurrou a data para 2029.

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Ainda que pareça imperceptível, há algumas consequências causadas por alterações no tempo. Por exemplo, sistemas de computação envolvidos em transações de bolsas de valores precisarão ser reprogramados e ficarão mais propensos a erros.

"Ninguém realmente previu que a Terra aceleraria a ponto de precisarmos remover um segundo bissexto", disse Agnew em entrevista à rede CNN americana. "Ser capaz de dizer que tanto gelo derreteu que de fato mudou a rotação da Terra em uma quantidade mensurável, acho que nos dá a sensação de que isso é importante".

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

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