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Uma jovem de 23 anos, Shanti de Corte, que sobreviveu ao ataque terrorista no Aeroporto de Bruxelas, na Bélgica, em 2016, morreu após optar pela eutanásia em maio deste ano, depois de sofrer um grave quadro depressivo, ataques de pânico, estresse pós-traumático e tentativas de suicídio. A decisão pela eutanásia foi apoiada pela mãe de Shanti, Marielle. "Aquele dia realmente a quebrou. Ela nunca se sentiu segura depois disso", disse em entrevista ao canal belga VRT NWS.
Shanti tinha 17 anos em 2016. No momento dos ataques, ela estava com amigos aguardando o voo para uma viagem escolar à Itália, no Aeroporto de Zaventem. As bombas detonadas pelos terroristas do Estado Islâmico mataram 32 pessoas e feriram mais de 300. Shanti sobreviveu sem ferimentos físicos, mas com graves sequelas psicológicas.
A jovem já enfrentava problemas psiquiátricos antes dos atentados, mas o trauma intensificou o seu quadro. A família esperava que o trauma desaparecesse com o tempo, principalmente com os tratamentos psiquiátricos e psicológicos que ela recebia. Porém, o quadro de Shanti se intensificou a ponto de ela sentir medo constante de que 'algo pudesse acontecer'.
"Ela estava tão limitada por seu medo que não podia fazer o que queria. Ela vivia com medo constante e perdeu completamente a sensação de segurança. Quando Shanti saía, ela estava sempre alerta (...) Por medo, ela não queria ir a nenhum lugar onde outras pessoas estivessem. Ela também tinha ataques de pânico frequentes. Ela nunca se livrou disso", lamentou Marielle.
Após uma séria tentativa de suicídio, Shanti procurou uma organização que defende o direito à 'morte com dignidade'. De acordo com a RTBF, ela pediu que eles realizassem a eutanásia por 'sofrimento psiquiátrico insuportável'. O procedimento é legalizado na Bélgica desde que o indivíduo comprove que tenha sofrimento físico ou mental constante e insuportável, que não pode ser aliviado, uma doença grave ou incurável.
Dois psiquiatras aprovaram o pedido formal de Shanti para eutanásia, e ela morreu em 7 de maio, cercada pela sua família na Bélgica. "Algo assim é realmente muito difícil, mas naquele momento a única coisa que você pode fazer por seu filho como mãe é estar lá e tentar apoiá-la. (...) Estamos gratos pelo tempo extra que tivemos. Apesar de sua luta, conseguimos fazer muito juntas e pudemos dizer adeus", finalizou Marielle.
O neurologista Paul Deltenre, que não tratou Shanti, alega que havia outras possibilidades de tratamento para a jovem e que a decisão pelo procedimento foi prematura. Já a comissão que regula a eutanásia na Bélgica não identificou erros no processo.