Governo da Etiópia acusa rebeldes de Tigré de massacre

Frente de Libertação do Povo do Tigré negou que tenha atacado civis em meio a conflitos no país

24 nov 2020 - 12h04
(atualizado às 12h08)

O grupo de direitos humanos indicado pelo governo da Etiópia acusou um grupo da juventude de Tigré nesta terça-feira de massacrar centenas de civis enquanto as forças federais e locais alegavam avanços em um confronto de três semanas no montanhoso norte do país.

Refugiados etíopes do conflito em Tigré na região de fronteira entre Etiópia e Sudão
23/11/2020 REUTERS/Mohamed Nureldin Abdallah
Refugiados etíopes do conflito em Tigré na região de fronteira entre Etiópia e Sudão 23/11/2020 REUTERS/Mohamed Nureldin Abdallah
Foto: Reuters

O governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed afirmou que soldados inimigos estão se rendendo diante de seu avanço rumo à capital regional, mas as forças locais relataram que estão resistindo e que destruíram uma divisão prestigiosa do Exército.

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A Comissão de Direitos Humanos da Etiópia publicou as conclusões a respeito de um ataque em 9 de novembro em Mai Kadra, no estado de Tigré --relatado pela primeira vez pela Anistia Internacional--, nas quais informou que um grupo de jovens chamado Samri matou pelo menos 600 pessoas dos grupos étnicos minoritários Amhara e Wolkait na cidade.

A Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) não estava disponível de imediato para comentar, mas já negara envolvimento anteriormente.

A Reuters não conseguiu confirmar comunicados de nenhum dos lados, já que os telefones e a internet não estão funcionando em Tigré e o acesso à área é controlado rigorosamente.

Centenas morreram e mais de 41 mil refugiados fugiram para o vizinho Sudão desde o início do confronto. A destruição é generalizada, e pessoas foram expulsas de casa na região de Tigré, no norte do país.

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A guerra de três semanas afetou a Eritreia, contra a qual os combatentes de Tigré lançaram foguetes, e também a Somália, onde a Etiópia desarmou várias centenas de nativos de Tigré de uma força pacificadora que combatia militantes ligados à Al Qaeda.

O governo etíope alegou que muitos combatentes de Tigré responderam a um ultimato para deporem as armas antes de uma ofensiva contra a cidade de Mekelle, que tem meio milhão de habitantes. O prazo vence na quarta-feira.

"Usando o período de 72 horas do governo, um número grande de milícias e forças especiais de Tigré está se rendendo", disse uma força-tarefa do governo.

Experiente em batalhas, a TPLF, que governava a região de 5 milhões de habitantes, deu uma versão diferente, dizendo que suas tropas estão mantendo as forças federais à distância e obtendo grandes vitórias.

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Seu porta-voz, Getachew Reda, disse que uma unidade importante do Exército --que ele identificou como a 21ª divisão mecanizada-- foi destruída em um ataque a Raya-Wajirat liderado por um ex-comandante da unidade que agora luta pela TPLF.

Billene Seyoum, porta-voz do premiê etíope, negou a afirmação.

Os Estados Unidos --que veem a Etiópia como uma aliada poderosa em uma região turbulenta--, a França e o Reino Unido foram as potências estrangeiras mais recentes a clamar pela paz.

Washington apoiou os esforços de mediação da União Africana (UA) "para encerrar este conflito trágico já", enquanto Paris e Londres alertaram para a discriminação étnica.

(Da redação de Adis-Abeba, Omar Mohammed, Nazanine Moshiri, Maggie Fick e Katharine Houreld em Nairóbi, Stephanie Nebehay e Emma Farge em Genebra)

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