Exército egípcio promete vingar guardas assassinados

O Exército egípcio prometeu nesta segunda-feira vingar os 16 guardas de fronteira assassinados no domingo em um ataque no Sinai que atribuiu a terroristas. O Egito anunciou três dias de luto depois do ataque, o mais violento cometido contra as forças egípcias na península desde que foram assinados os acordos de paz israelense-egípcios de 1979, durante os quais o Sinai foi devolvido ao Egito.

"Juramos em nome de Deus que vamos vingá-los", afirma o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) em um comunicado divulgado pela agência oficial Mena. "Os egípcios não terão que esperar muito para ver a reação a este ataque cometido por terroristas", completa a nota. "Qualquer pessoa vinculada a grupos que atacaram nos últimos meses as nossas tropas no Sinai pagará caro por isto, esteja no Egito ou no exterior".

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Homens armados com granadas, metralhadoras e lança-foguetes atacaram um posto próximo da fronteira Israel-Egito no domingo. Dezesseis guardas morreram, segundo o ministério da Saúde. Os criminosos conseguiram entrar no território israelense em um veículo, mas foram neutralizados. Cinco integrantes do grupo foram mortos, segundo o Exército de Israel.

O general Mordehai classificou os membros do comando de "elementos jihadistas baseados no Sinai, que se transformou num viveiro do terrorismo mundial por causa do pouco controle exercido" pelo Egito. Ainda segundo o exército egípcio, os autores do ataque tiveram apoio de tiros procedentes do enclave palestino de Gaza. "No momento do ataque, elementos da Faixa de Gaza ajudaram lançando morteiros contra a região da passagem de fronteira de Karm Abu Salem", informou o Exército egípcio em um comunicado.

Por sua parte, o presidente egípcio Mohamed Mursi prometeu, depois de uma reunião com os chefes do exército, da polícia e dos serviços secretos, retomar o controle da região.

Retomar o Sinai

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Mursi declarou, em um discurso na televisão, que foram dadas claras instruções a fim de retomar o controle total do Sinai, onde a situação se deteriorou desde a queda de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011. Por sua parte, o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, afirmou que o ataque "ilustra de novo a necessidade de as autoridades egípcias atuarem firmemente para restabelecer a segurança e lutar contra o terrorismo no Sinai".

A situação é ainda mais delicada devido à escassa presença do Exército em função da desmilitarização do setor, conforme os acordos de paz assinados.Israel acusa há meses os ativistas palestinos chegados de Gaza de se infiltrarem através do Egito para realizar ataques e pede ao Egito que retome o controle do Sinai.

Este ataque é a primeira crise grave de segurança para o presidente Mursi, do movimento da Irmandade Muçulmana e que se encontra no poder desde o final de junho. Mursi enfrenta um difícil exercício de coabitação com o Exército, cujo chefe, o marechal Hussein Tantawi, detém o posto de ministro da Defesa.

O ataque

Os atiradores que mataram os 13 guardas no Egito, na fronteira com Israel, roubaram blindados e entraram no Estado hebreu, onde foram atacados por um helicóptero. Segundo um médico egípcio, homens vestidos de beduínos chegaram em dois veículos e abriram fogo contra o posto de controle, na região do cruzamento de Karm Abu Salem, matando 13 guardas.

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O Egito decidiu fechar a passagem de fronteira na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, devido ao ataque dos "jihadistas" procedentes do território palestino. A polícia do movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, também anunciou o fechamento de todos os túneis por onde passa contrabando para evitar a fuga dos agressores do Egito para a Faixa de Gaza.

Israel denuncia há meses que ativistas procedentes da Faixa de Gaza têm se infiltrado no Egito para atacar o território hebreu. Em 18 de agosto do ano passado, um comando procedente do Sinai fez um triplo ataque 20 km ao norte de Eliat, matando oito israelenses. As forças de Israel perseguiram o grupo e mataram sete militantes, assim como cinco policiais egípcios, o que provocou uma crise entre os dois países.

Para tentar impedir este tipo de ataque contra Israel, o Estado hebreu acelerou a construção de uma cerca com sistema de alarme eletrônico ao longo de 240 km da fronteira com o Egito.

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