O destino do frágil governo italiano depende de uma decisão da Suprema Corte do país, que se reúne na terça-feira para decidir se mantém uma condenação por fraude fiscal contra o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
O tribunal vai decidir sobre a apelação final do magnata da mídia contra uma sentença de prisão e uma suspensão de 5 anos de cargos públicos imposta por cortes inferiores pela compra fraudulenta de direitos de TV pela rede de televisão de Berlusconi, a Mediaset.
Há uma grande possibilidade de que um veredicto de culpado para Berlusconi coloque em risco o governo do atual primeiro-ministro, Enrico Letta, uma tensa coalizão entre o partido de Letta, o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e o Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, de centro-direita.
A incerteza política na terceira maior economia da zona do euro pode gerar novos problemas no bloco, em um momento em que países do sul da Europa enfrentam dificuldades para sair da recessão e de uma crise da dívida.
A decisão dos cinco juízes da suprema corte pode sair já na terça-feira ou ficar para quarta ou até mesmo quinta-feira, segundo fontes do tribunal. A audiência foi inesperadamente antecipada para evitar que parte da sentença fosse cancelada por conta dos prazos de prescrição.
Lideranças do PDL já convocaram de tudo, de uma renúncia em massa do governo ao bloqueio de estradas na Itália, caso a corte decida contra Berlusconi, que foi premiê do país por quatro vezes. Uma das mais fieis partidárias do ex-premiê Daniela Santanche disse que uma decisão contra Berlusconi seria "um ataque à democracia".
Berlusconi e seus simpatizantes acusam juízes de esquerda de persegui-lo por 20 anos para tirá-lo do poder. Mas o risco maior para o governo de Letta é uma facção de seu próprio partido, o PD, cujos membros já estão profundamente insatisfeitos por estarem em uma coalizão com seu antigo inimigo político e podem se recusar a continuar essa coalizão caso Berlusconi seja considerado culpado.
No entanto, tanto o presidente do país, Giorgio Napolitano, que arrastou os dois partidos para uma coalizão em abril após dois meses de crise que sucederam uma eleição inconclusiva, quanto Letta têm afirmado que a Itália não pode passar por mais instabilidade em um momento que sofre para sair de sua pior recessão pós-guerra.
"Não estou com medo. A Itália é mais estável do que as pessoas esperam", disse Letta durante visita à Grécia nesta segunda-feira.