EUA reconhecem ter matado 4 americanos com aviões não-tripulados

22 mai 2013 - 19h52
(atualizado às 20h03)

O governo dos Estados Unidos reconheceu pela primeira vez nesta quarta-feira ter matado quatro americanos em ataques com "drones" no Iêmen e no Paquistão, um dia antes de o presidente Barack Obama pronunciar um discurso sobre a luta contra o terrorismo.

Em carta enviada a líderes do Congresso e obtida pelo jornal "The New York Times", o secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, admitiu formalmente a operação que matou em 2011 no Iêmen o americano Anwar al Awlaki, um clérigo conhecido por ser um dos líderes da Al Qaeda na Península Arábica.

Publicidade

A carta também reconhece que o governo matou outros três americanos: Samir Khan, que morreu no mesmo ataque que o clérigo radical; o filho de Awlaki, Abdulraman, assassinado em outro ataque no Iêmen; e Jude Mohammed, que morreu em um ataque de avião não-tripulado no Paquistão.

Holder detalhou que Awlaki é o único "cidadão americano" que os EUA "perseguiram e mataram" deliberadamente desde 2009, enquanto as outras três mortes "não foram especificamente buscadas" pelo governo.

Embora vários meios de comunicação internacionais tenham informado da morte de Awlaki, até agora o governo de Obama não tinha admitido a responsabilidade no caso, que abriu um debate no Congresso sobre a legalidade de operar aviões não-tripulados contra cidadãos americanos, executados sem um julgamento.

"A decisão de perseguir Anwar al Awlaki foi legal, foi considerada e foi justa", escreveu Holder na carta.

Publicidade

O governo de Obama acusa o clérigo radical de "planejar" a tentativa de atentado contra um avião que se dirigia a Detroit (Michigan) no Natal de 2009, e de representar um "papel-chave" em um plano de 2010 de detonar explosivos em dois aviões de carga que se dirigiam aos EUA, segundo o documento.

"Informação que permanece classificada para proteger fontes e métodos sensíveis evidencia a participação de Awlaki no planejamento de outros complôs contra interesses americanos e ocidentais e deixa claro que seguia planejando ataques quando foi assassinado", indicou Holder.

Antes da operação, equipes legais do Departamento de Justiça e outras agências americanas "revisaram com profundidade" os dados do caso até certificar a legalidade da operação, que aconteceu apenas depois que altos funcionários determinassem "que não era viável capturar Awlaki".

O titular de Justiça assegurou que a operação cumpre "todos os requisitos" que ele mesmo enumerou em discurso no ano passado na Escola de Direito da Universidade Northwestern.

Publicidade

Holder argumentou então que os cidadãos americanos considerados terroristas e que apresentem uma "ameaça iminente de ataque violento" e sua captura não seja viável podem ser alvos de ataques com "drones".

Entre os quatro americanos nomeados na carta, o único cuja morte não tinha sido relacionada pela imprensa com um avião não-tripulado é Jude Mohammed, um nativo da Carolina do Norte que estava na lista dos mais procurados do FBI (polícia federal americana) por seu suposto apoio ao terrorismo.

  
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações