Em meio à guerra em Gaza, Israel realiza comemorações comedidas de Dia da Independência

13 mai 2024 - 20h30

Israel deu início a celebrações moderadas do seu Dia de Independência nesta segunda-feira, diante de apenas tênues esperanças pelo fim da guerra de sete meses em Gaza, aumento de protestos anti-governo e agravamento de divisões internas.  

Neste 76º aniversário, a exibição de fogos de artifício foi cancelada e a tradicional cerimônia em que uma tocha é acesa no cemitério nacional de Jerusalém será gravada para a televisão, em vez de transmitida ao vivo. 

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Parlamentares de oposição criticaram a medida como uma tentativa de sufocar protestos contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que tem sido criticado em eventos ao vivo por pessoas furiosas por ele não conseguir trazer de volta os 128 reféns ainda mantidos pelo Hamas em Gaza. 

Simon Davidson, do partido Yesh Atid, de centro, publicou um vídeo na rede social X acusando a ministra dos Transportes de Netanyahu, Miri Regev -- responsável pela organização da cerimônia da tocha -- de ignorar o Parlamento de Israel, o Knesset, e de usar o evento com objetivos políticos. 

"Eles não dão a mínima para o Knesset israelense e isso significa que não dão a mínima para os cidadãos israelenses", afirmou o político no vídeo.

"Eles estão fazendo uma cerimônia encenada, preenchida por tudo que querem introduzir politicamente, e apresentar ao país. Sem público, sem transmissão ao vivo, sem comitê que se importa com essa cerimônia."

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A guerra começou quando o grupo militante palestino Hamas, sediado em Gaza, invadiu comunidades fronteiriças no sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.

Desde então, outros 273 soldados israelenses morreram, principalmente em um ataque a Gaza que, segundo médicos palestinos, já matou mais de 35.000 pessoas.

"Embora este não seja um Dia da Independência comum, é uma oportunidade especial para percebermos o significado de nossa independência", disse Netanyahu em comentários pré-gravados para o público da TV.

Grande parte da raiva pública em Israel se concentrou no governo de Netanyahu, conservador veterano que continua a se promover como garantidor da segurança nacional que não assumiu a responsabilidade pessoal pelos ataques de 7 de outubro.

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Os protestos que pedem a renúncia de Netanyahu -- e de seu governo -- e um acordo para trazer de volta os reféns ganham força em Israel. Um grande protesto contra o governo, anunciado como um evento alternativo ao Dia da Independência, ressaltando a profunda divisão política do país, foi realizado na noite desta segunda-feira em Tel Aviv.

"Neste ano, o Dia da Independência não é um feriado, e certamente não é um feriado feliz", disse Chen Avigdori, cuja esposa e filha foram libertadas do cativeiro em Gaza.

"Existe glória em um Estado que abandonou seus cidadãos e continua abandonando (seus reféns) há 220 dias?"

Um número crescente de israelenses -- quase 50% -- apoia o fim da guerra em Gaza em troca da libertação dos reféns,  opinião que era extremamente rara nas primeiras semanas, se não meses, após os ataques de 7 de outubro.

O Dia da Independência em Israel é comemorado do pôr do sol de 13 de maio ao pôr do sol de 14 de maio, imediatamente após o mais sombrio Memorial Day, no qual os israelenses prestam homenagem aos mortos de guerra do país, bem como àqueles que foram vítimas de ataques terroristas.

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O Dia da Independência de Israel marca a fundação do país em 1948, quando os britânicos dividiram a Palestina histórica em estados árabes e judeus.

Palestinos lamentam a guerra que se seguiu -- a "Nakba", ou catástrofe -- quando cerca de 700.000 deles fugiram ou foram expulsos de suas casas. Israel contesta a afirmação de que tenha forçado a saída dos palestinos.

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