Em alta nas pesquisas, a senadora Elizabeth Warren virou alvo no quarto debate das primárias do Partido Democrata para as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos.
A pré-candidata de 70 anos ganhou fama por suas batalhas contra Wall Street e defende medidas como o aumento da taxação contra bilionários e a universalização do atendimento de saúde, mas agora é vista por seus oponentes como adversária a ser batida.
O quarto debate democrata reuniu 12 pré-candidatos, muitos deles ainda em busca de viabilizar sua presença em uma corrida que começará de fato em fevereiro de 2020. Os mais centristas, como o prefeito de South Bend, Pete Buttigieg, e a senadora Amy Klobuchar, preferiram poupar o até então favorito Joe Biden e voltaram suas armas contra Warren.
Identificada com o eleitorado mais progressista, a senadora hesitou ao ser questionada sobre um possível aumento de impostos para financiar a universalização do sistema de saúde. Até Bernie Sanders, que disputa com ela o voto da esquerda, a criticou.
"Acho que é apropriado reconhecer que os impostos aumentarão", disse o senador. "Ao menos Bernie foi honesto, acho que devemos dizer aos americanos quem pagará a conta", atacou Klobuchar. Warren também foi criticada por suas propostas de taxar bilionários e de desmembrar os grandes conglomerados do Vale do Silício, como Facebook e Google.
Apesar disso, manteve-se firme em suas ideias e afirmou que prefere investir nas novas gerações de americanos do que "proteger bilionários". A notícia negativa para Warren chegou de fora do palco do debate: a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, porta-voz das novas gerações e da ala mais progressista do Partido Democrata, decidiu apoiar Sanders, segundo o Washington Post, o que pode dar novo impulso a uma campanha que parecia estagnada.
O senador vinha perdendo espaço para Warren nas pesquisas e enfrentando questionamentos por causa de seus 78 anos, sobretudo depois de um ataque cardíaco nas últimas semanas, mas garantiu que está em boa saúde. "Farei uma campanha vigorosa por todo o país", prometeu.
Biden
Pivô do inquérito de impeachment contra o presidente Donald Trump, Joe Biden contou com a benevolência dos rivais, que evitaram referências a um potencial conflito de interesses envolvendo a atuação de seu filho, Hunter, na Ucrânia.
Logo no início do debate, no entanto, ele foi questionado pelo moderador se era normal tentar influenciar a política ucraniana quando ocupava o cargo de vice-presidente dos EUA, enquanto Hunter era conselheiro de uma empresa de energia no país europeu.
O pré-candidato respondeu que seu filho não fez nada de errado e que sua pressão para derrubar um procurador-geral que investigava a empresa em questão fazia parte da política americana para reduzir a corrupção na Ucrânia.
Biden, no entanto, evitou se justificar sobre um potencial conflito de interesses, acusação que os democratas frequentemente apontam contra Trump e seus filhos. Depois disso, o ex-vice-presidente teve participação discreta no debate.