Diretamente do Kremlin, em Moscou, a Copa do Mundo da Rússia começou a ser desenhada nesta sexta-feira. Se não foi tudo como o treinador Tite gostaria, não se pode dizer que o sorteio dos grupos trouxe más notícias para o Brasil, que buscará a conquista do hexacampeonato no ano que vem após o vexame histórico do último Mundial, em território brasileiro.
A estreia da seleção será no dia 17 de junho - três dias após o início oficial do torneio - no grupo E, a seleção enfrentará a Suíça em Rostov, a 400 quilômetros de Sochi, onde ficará baseada durante a competição. Depois, no dia 22, a seleção jogará contra a Costa Rica e, para encerrar a primeira fase, terá a Sérvia como adversária no dia 27.
O sorteio pode ser considerado "bom" conforme os desejos expressos pelo técnico Tite para a fase inicial do torneio. Sem querer escolher adversários, ele havia deixado claro que não gostaria de enfrentar Espanha ou Inglaterra já na fase de grupos - o que realmente não vai ocorrer.
Além disso, o treinador também havia mencionado que "um grupo mais difícil poderia fortalecer sua equipe". Com Suíça (8ª colocada no ranking da Fifa), Costa Rica (que surpreendeu Inglaterra e Itália na Copa de 2014) e Sérvia (que fez boa campanha nas eliminatórias), a chave do Brasil traz alguns desafios, mas dificilmente alguma dessas seleções conseguirá impedir a seleção de terminar a primeira fase do torneio em primeiro lugar.
O problema do Brasil pode começar no grupo seguinte, o F, encabeçado pela Alemanha. A seleção responsável por impor a derrota de 7 a 1 ao Brasil em 2014 enfrentará adversários mais difíceis como a Suécia (que eliminou a Itália na repescagem), o México, e a Coreia do Sul.
Caso não fiquem em primeiro lugar nesse grupo, os alemães terão de enfrentar justamente a seleção brasileira já nas oitavas-de-final do torneio. Por isso, além de garantir o primeiro lugar, o Brasil precisará "torcer" para a Alemanha não tropeçar no grupo F e também assegurar a primeira colocação. Dessa forma, as duas seleções só se enfrentariam em uma possível final.
Na Rússia, Tite comentou o sorteio, mas evitou falar sobre adversários ou dificuldades com os deslocamentos - o Brasil não jogará nenhuma partida em Sochi, onde estará baseado, na primeira fase e viajará para Rostov, São Petesburgo e Moscou. Para ele, será mais importante focar na preparação, que é o que está sob seu controle.
"São variáveis (adversário e distâncias percorridas na primeira fase) que não temos condições de controlar. Deixa eu gastar minha energia toda nas variáveis que eu posso controlar, naquilo que eu posso fazer. O que é? O treinamento com qualidade, a logística que permita aos atletas evoluírem. Essas variáveis eu posso controlar. As outras são da circunstância da competição", observou.
Se na Copa de 2014, o grupo D foi chamado de "grupo da morte" por abrigar três campeoões mundiais - Inglaterra, Itália e Uruguai -, na Rússia, nada parecido aconteceu. O grupo que pode ser considerado mais complicado e que talvez possa trazer surpresas é o da própria Alemanha.
Cruzamentos
Se passar da primeira fase, o Brasil não terá caminho suave até a decisão, mas pode ser ainda mas difícil se o time terminar em segundo lugar no grupo E por conta do perigo de enfrentar o pesadelo alemão já nas oitavas.
Mas, caso os favoritismos de brasileiros e alemães se confirmem, a seleção possivelmente terá pela frente México ou Suécia nas oitavas, que deverão brigar pela segunda colocação do grupo F.
Daí em diante, tudo fica bastante especulativo. Se passar para as quartas, o Brasil poderá repetir a história de 2014 enfrentando a Colômbia ou ainda a Bélgica e até a Inglaterra, dependendo dos resultados dos grupos G e H na primeira fase.
Na semi, França ou Uruguai podem cruzar o caminho da seleção, se ambas confirmarem o favoritismo no torneio.
E se tudo seguir o previsto com todos os favoritos fazendo valer sua teórica superioridade, o Brasil só pega Alemanha, Espanha, Argentina ou Polônia em uma potencial decisão da Copa de 2018.
Destaques do sorteio
Minutos antes do sorteio começar, as atenções do evento se voltaram para Pelé, que surgiu em uma cadeira de rodas. Pelo menos desde 2012, ele sofre com um desgaste ósseo que provoca dores na junção entre o fêmur e os ossos da bacia. O ídolo já se submeteu a duas cirurgias - uma em 2012, e outra em 2015 - para tentar corrigir o problema com implantação de prótese. Não se sabe, no entanto, se o problema ortopédico foi a causa para que Pelé adotasse a cadeira de rodas durante sua presença no evento.
Pelé protagonizou ainda um momento marcante no Kremlin. O lendário jogador brasileiro encontrou o também icônico Diego Maradona. Apesar da rivalidade latente entre brasileiros e argentinos que há décadas tentam decidir quem foi melhor da história do futebol, os dois esbanjaram simpatia e Pelé recebeu um beijo na testa do craque da Argentina.
Anfitrião da Copa, o presidente russo Vladimir Putin também teve seu momento de destaque ao abrir o sorteio nesta sexta-feira. Ele prometeu que a Rússia realizará o torneio "no mais alto nível para que os jogadores possam demonstrar sua maestria e verdadeiro futebol".
O presidente também elogiou a hospitalidade dos russos e disse que o mundo terá a chance de "conhecer a história, a cultura e a natureza única" da Rússia.
"Temos certeza que impressões inesquecíveis serão deixadas naqueles que vierem à Rússia. Verão não só os jogos, mas conhecerão a cultura russa, nossa história e natureza únicas. Também poderão sentir nossa alegria tradicional, ainda mais porque os jogos serão realizados em 11 cidades, e os fãs terão oportunidades de visitar as regiões do país. Sabemos receber nossos amigos", afirmou Putin.