O chefe da agência de refugiados palestinos da ONU alertou nesta segunda-feira sobre "uma campanha deliberada e orquestrada" visando acabar com suas operações, enquanto Israel acusa a organização de empregar mais de 450 "agentes militares" do Hamas e de outros grupos armados.
Philippe Lazzarini não abordou especificamente as últimas alegações feitas pelo Exército israelense nesta segunda-feira, mas chamou a atenção do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por "declarar abertamente que a UNRWA não fará parte da Gaza pós-guerra".
"A UNRWA está enfrentando uma campanha deliberada e orquestrada para minar suas operações e, por fim, acabar com elas", disse Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) , à Assembleia Geral da ONU.
"A implementação desse plano já está em andamento com a destruição de nossa infraestrutura em toda a Faixa de Gaza", disse.
"Desmantelar a UNRWA é uma visão míope. Ao fazer isso, sacrificaremos uma geração inteira de crianças, plantando as sementes do ódio, do ressentimento e de futuros conflitos."
Israel acusou, em janeiro, 12 funcionários da UNRWA de participarem do ataque de 7 de outubro por militantes do Hamas, levando 16 países a suspenderem um total de 450 milhões de dólares em ajuda.
Os funcionários da UNRWA foram demitidos e uma investigação interna independente da ONU foi iniciada.
"O destino da agência e dos milhões de pessoas que dependem dela está em jogo", disse Lazzarini à Assembleia Geral, descrevendo a UNRWA como "a espinha dorsal da assistência humanitária em Gaza".
A UNRWA emprega 13.000 pessoas em Gaza, administrando escolas, clínicas de saúde e outros serviços sociais, além de distribuir ajuda humanitária. A ONU disse que cerca de 3.000 pessoas ainda estão trabalhando em Gaza, onde 576.000 pessoas -- um quarto da população -- estão a um passo da fome.
"Em Gaza, a própria ONU é uma organização terrorista", disse o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, à Assembleia Geral nesta segunda-feira.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, quando cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 253 reféns foram capturados, de acordo com os registros israelenses. Desde então, a campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza já matou cerca de 30.000 palestinos, segundo as autoridades de saúde do enclave administrado pelo Hamas.