Candidatos mexicanos se vangloriam de debate

Os quatro candidatos à Presidência do México se declararam ganhadores do segundo e último debate eleitoral e se mostraram dispostos a intensificar as atividades políticas na reta final da campanha para o pleito do dia 1º de julho.

Os analistas estão divididos entre quem teria sido o vencedor do debate promovido neste domingo pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), pois nenhum deles cometeu erros. Será preciso observar se as pesquisas desta semana refletem alguma mudança significativa de tendência.

O candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto, favorito nas pesquisas, destacou que sua estratégia no debate foi privilegiar o espaço para "deixar muito claro" aos mexicanos sua proposta de mudança.

Ele disse a uma emissora local que o debate realizado em Guadalajara teve uma cobertura inédita, já que foi transmitido pelos dois canais principais da televisão mexicana, e teve um "formato inovador", que não podia desperdiçar com acusações aos adversários.

Ao falar sobre o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, segundo colocado nas pesquisas, Peña Nieto afirmou que o rival esteve concentrado em sua proposta e preferiu, assim como ele, "não cair no jogo das desqualificações" de Josefina Vázquez Mota, candidata do governista Partido Ação Nacional (PAN).

O líder das pesquisas criticou os ataques de Vázquez Mota aos demais candidatos do debate - ele próprio, López Obrador e Gabriel Quadri, do partido minoritário Nova Aliança (Panal). "Minha surpresa é que ela distribuiu (acusações) aos três". Mesmo assim, Peña Nieto disse compreender a situação da rival por ter ficado relegada ao terceiro lugar nas pesquisas.

O candidato do PRI reiterou suas propostas para retomar o caminho da paz e o crescimento econômico, e prometeu um final de campanha "muito intenso", com atos públicos em vários estados.

Na mesma tônica, López Obrador - do Partido da Revolução Democrática (PRD) - exaltou o próprio desempenho no debate, disse que se sentiu seguro e tranquilo por ter ouvido os cidadãos que lhe pediram que usasse o tempo para apresentar suas propostas e "acabar com o medo das pessoas".

"Nossos adversários estão muito nervosos porque estamos crescendo", declarou López Obrador, perdeu as eleições de 2006 por estreita margem para o conservador Felipe Calderón. Para ele, Peña Nieto está caindo nas pesquisas e recorrendo não só ao ex-presidente Vicente Fox - que pediu votos ao favorito, em vez de apoiar a correligionária Vázquez Mota -, mas também "ao medo, à desinformação, à guerra suja".

Em relação aos ataques feitos pela postulante do PAN no debate de domingo, Lopez disse que ela fez alguns sem se aprofundar para não perder tempo e reconheceu que está em seu papel buscando espaço, embora, em sua opinião, tenha sido "ultrajada pelos dirigentes de seu partido", inclusive pelo ex-presidente Fox.

Ao fazer um balanço de sua atuação neste domingo, Vázquez Mota afirmou que se sentiu forte e segura, destacou que foi a única que contrastou propostas, e se vangloriou por ter dado emoção ao debate, pois seus adversários terminaram falando consigo próprios.

Ela ressaltou que Peña Nieto significa a face do "autoritarismo profundo", López Obrador "representa o caos, a intolerância" e o risco da dívida e da crise econômica e Quadri, os interesses de uma só família, em alusão à influência da líder sindical de professores Elba Esther Gordillo sobre o Panal.

Vázquez Mota reconheceu que buscou confrontar os adversários, mas de maneira respeitosa, e argumentou que está na briga pela Presidência. Ela lembrou que há pesquisas nas quais está empatada com o esquerdista no segundo lugar e disse que Peña segue caindo nas opiniões.

Reiterou que luta pelo voto dos indecisos e pediu o apoio dos membros da esquerda que acreditam nas leis e até dos integrantes do PRI que querem as reformas para o México. A ex-ministra disse se sentir "profundamente ganhadora" e orgulhosa de que seu nome esteja na cédula eleitoral.

Já o candidato do Panal, sem chances reais de vitória, insistiu em se apresentar como cidadão com propostas concretas em temas substantivos, diferente de seus rivais, aos quais qualificou como "populistas" e "demagogos", com iniciativas sem base e sem uma visão clara de país.

O debate eleitoral atingiu níveis recorde de audiência na história do país, com um rating nacional de 22,6 pontos nos dois canais de televisão aberta.

Publicidade
  
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações