Atirador de ataque terrorista na Austrália acorda do coma; polícia investiga viagem às Filipinas para suposto 'treinamento militar'

Polícia apura possíveis conexões internacionais e motivação extremista no ataque que chocou o país e deixou ao menos 15 mortos em Sydney.

16 dez 2025 - 08h56
(atualizado às 09h16)
Memorial na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália
Memorial na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália
Foto: MICK TSIKAS/EPA/Shutterstock / BBC News Brasil

O jovem apontado como um dos autores do ataque a tiros que deixou pelo menos 15 mortos na praia de Bondi, em Sydney, acordou do coma e já está consciente no hospital, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (17/12) pela imprensa australiana. De acordo com veículos como o Sydney Morning Herald e a emissora 9News, Naveed Akram, de 24 anos, estaria inclusive falando com investigadores, enquanto permanece sob custódia policial.

Naveed ficou gravemente ferido durante o ataque ocorrido no domingo (15/12) e foi levado ao hospital após ser baleado pela polícia. Seu pai, Sajid Akram, de 50 anos, morreu no local.

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A polícia australiana afirma que os dois agiram juntos no atentado, considerado um dos mais mortais da história recente do país.

A BBC procurou as autoridades para confirmar oficialmente as informações sobre o estado de saúde do jovem, mas ainda não obteve resposta.

O ataque ocorreu em uma área movimentada da praia de Bondi e provocou pânico entre moradores e turistas.

Ao menos 15 pessoas tiveram a morte confirmada, incluindo uma menina de 10 anos.

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Outras dezenas ficaram feridas, e, segundo o balanço mais recente, 24 pessoas ainda permanecem internadas recebendo tratamento médico. Entre as vítimas fatais estavam um rabino nascido no Reino Unido, um policial aposentado e um sobrevivente do Holocausto.

Viagem ao exterior sob investigação

À medida que novos detalhes vêm à tona, a investigação ganhou uma dimensão internacional. A polícia australiana confirmou que está apurando uma viagem feita por Sajid e Naveed às Filipinas cerca de um mês antes do ataque.

Autoridades de imigração em Manila disseram à BBC que Sajid entrou no país usando um passaporte indiano, enquanto o filho viajou com passaporte australiano.

Segundo relatos da imprensa local, a dupla teria ido ao país para receber um suposto "treinamento de estilo militar", informação que agora é analisada pelos investigadores.

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O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, afirmou que tudo indica que o ataque foi motivado por ideologia ligada ao Estado Islâmico.

A polícia informou ter encontrado bandeiras "caseiras" associadas ao grupo extremista e dispositivos explosivos improvisados dentro de um veículo utilizado pelos atiradores.

Esses elementos reforçam a linha de investigação de que se tratou de um ataque terrorista e levantam questionamentos sobre se a radicalização dos autores não poderia ter sido detectada previamente — e se o atentado não poderia ter sido evitado.

Pessoas em luto participam de uma vigília em um memorial na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, em 15 de dezembro de 2025
Foto: BIANCA DE MARCHI/EPA/Shutterstock / BBC News Brasil

Sajid Akram possuía porte de arma e, segundo a polícia, mantinha legalmente seis armas de fogo registradas em seu nome. Naveed, que trabalhava como pedreiro, havia sido demitido dois meses antes do ataque após a falência da empresa onde atuava, de acordo com informações divulgadas pelas autoridades.

Investigadores tentam agora entender se dificuldades financeiras, frustrações pessoais ou outros fatores contribuíram para o processo de radicalização do jovem.

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O atentado reacendeu o debate sobre segurança e controle de armas no país. Tanto Albanese quanto o premiê do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns, prometeram endurecer ainda mais as leis sobre armas de fogo, apesar de a Austrália já ser conhecida por regras rígidas desde o massacre de Port Arthur, em 1996.

As autoridades também avaliam se os mecanismos de monitoramento de viagens internacionais e de possíveis vínculos com grupos extremistas foram suficientes.

Em meio à tragédia, um gesto de coragem ganhou destaque nacional. Um homem, identificado como Ahmed al Ahmed, de 43 anos, foi filmado entrando em luta corporal com um dos atiradores e conseguindo tomar sua arma. Ele foi elogiado publicamente pelo primeiro-ministro, que o chamou de "um verdadeiro herói australiano" após visitá-lo no hospital.

O episódio passou a simbolizar a reação de civis diante da violência e foi amplamente compartilhado nas redes sociais.

Com Naveed Akram agora consciente, as autoridades esperam avançar na reconstrução dos passos que levaram ao ataque, esclarecer o papel da viagem às Filipinas e identificar se houve apoio externo ou inspiração direta de redes extremistas.

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