Mensagem de Chávez se espalhou pelo mundo, diz chanceler venezuelano

O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais sete dias; depois, será embalsamado para repousar em um museu de Caracas

8 mar 2013 - 12h54
(atualizado às 13h26)
Com imagens do ex-mandatário e bandeira, os simpatizantes de Chávez esperam para se despedir
Com imagens do ex-mandatário e bandeira, os simpatizantes de Chávez esperam para se despedir
Foto: EFE

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, disse nesta sexta-feira, em Caracas, que a presença da delegações de 54 países que compareceram ao funeral do líder bolivariano, morto na última terça, indica que a "mensagem de Hugo Chávez" se espalhou pelo mundo. "Chávez quis construir um mundo multipolar, procurou buscar o equilíbrio do universo para salvar a espécie humana. Essa mensagem foi muito além da Venezuela", disse o Jaua, em entrevista à rede de TV Telesur.

"Agora a nossa tarefa é preservar o que ele (Chávez) construiu", acrescentou Jaua. Segundo ele, o povo venezuelano está orgulhoso porque, com Chávez, conseguiu reverter a traição histórica sofrida por Bolívar, colocando o povo no poder. "Chávez morreu presidente da Venezuela. Não conseguiram assassiná-lo, não conseguiram derrubá-lo em um golpe de estado, não conseguiram vencê-lo em uma eleição. (Porque) ele introduziu um valor fundamental na Venezuela: lealdade.

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O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais sete dias, diante da enorme afluência de venezuelanos à capela Ardente na Academia Militar, e será embalsamado para repousar em um museu de Caracas, instalado no que foi seu quartel-geral no frustrado golpe de Estado de 1992. A mãe do presidente, Elena Frias, vestida de luto e em prantos, saiu por alguns minutos para saudar a multidão, que se aglomera com bandeiras e cartazes de Chávez.

Todos os presidentes latino-americanos, com exceção do paraguaio Federico Franco, excluído dos organismos regionais,já passaram pelo funeral, assim como o controverso presidente do Irã e inimigo jurado das potências ocidentais, Mahmud Ahmadinejad. "Quero dar minhas profundas condolências ao povo venezuelano e a todos os povos do mundo, sobretudo os latino-americanos", afirmou Ahmadinejad em sua chegada a Caracas.

"O presidente Chávez foi símbolo de todos os que buscam justiça, o amor e a paz no mundo", disse o presidente iraniano, que compartilhou com Chávez sua inimizade com Washington e que recebeu apoio do venezuelano para seu programa nuclear. Os Estados Unidos participarão com uma delegação de baixo escalão. Os dois países retiraram seus embaixadores em uma das muitas controvérsias que marcaram os quatorze anos (1999-2013) de governo de Chávez.

Acompanhados da filha de Chávez Rosa Virginia (esq.), o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff se emocionam durante o velório do venezuelano
Foto: AP
"Chávez não morreu, se multiplicou!"

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Após o funeral, às 19h (20h30 de Brasília), Maduro assumirá a presidência interina e fará "o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição nos 30 dias seguintes", explicou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Entretanto, os partidários de Chávez seguem alimentando as longas filas para vê-lo de perto pela última vez. O acesso, no entanto, foi interrompido durante a manhã para permitir a chegada dos chefes de Estado.

"Chávez não morreu, se multiplicou!", gritam os seguidores, parados sob um sol forte, enquanto telas de televisão passam diferentes episódios da vida do ex-presidente. Mais de dois milhões de pessoas, segundo o executivo, se deslocaram de todo o país para dar seu adeus ao líder.

Não foram divulgadas imagens do rosto do ex-presidente, mas um jornalista da AFP que pôde se aproximar do caixão afirmou que, "vestido impecavelmente com um terno verde oliva e gravata preta, coroado com sua emblemática boina vermelha, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mostra um rosto sereno, apesar do rigor da morte".

"Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos", afirmou Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano, falecido na terça-feira aos 58 anos, depois de batalhar por quase dois anos contra um câncer. Os olhos de Herrera se encheram de lágrimas ao pensar no que faria quando o visse: "rezarei um pai-nosso para que Deus o receba com os braços abertos", explicou.

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Multidão aguarda para entrar na Academia Militar de Caracas e se despedir de Chávez
Foto: AP

A emotiva maré humana mobilizada diante da Academia Militar contrasta com a indiferença vivida no bairro opositor de Chacao, no leste da capital, semi-vazio depois que o governo decretou esta sexta-feira como um dia de folga. Os opositores do presidente lamentam a divisão da sociedade venezuelana que Chávez alimentou com seu discurso agressivo e polarizador.

"Aqui se aprendeu a odiar, insultar e humilhar entre nós mesmos, chegou inclusive a separar famílias, a provocar disputas entre familiares por não compartilhar seus ideais", disse à AFP Rafael. Também criticam os planos de embalsamá-lo "como Ho Chi Minh, Lênin e Mao", segundo Maduro.

Um embalsamador filipino, famoso por ter embalsamado o ditador Ferdinand Marcos, ofereceu seus serviços à Venezuela e explicou que os especialistas devem agir com rapidez para preservá-lo da decomposição. "O que conta é que não demorem (a escolher o embalsamador). Quanto mais esperarem, mais difícil será", advertiu.

Com informações de agências internacionais

Fonte: Terra
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