Escola transforma crianças em pequenos críticos literários
26 abr2011 - 08h25
Apresentar a escrita como algo prazeroso é um desafio para os educadores, especialmente numa período em que muitas crianças e jovens conseguem se comunicar com apenas os 140 caracteres do microblog Twitter. Na aula da professora Daniela Dezordi, do Colégio Vera Cruz, de São Paulo, além de aprender a gostar de escrever, as crianças se tornam críticos literários.
Há cinco anos, os alunos do 1º ano do ensino fundamental da escola produzem um catálogo de livros, com resenhas escritas por eles mesmos. É uma produção que dura meses, e em que se debate sobre as obras que mais gostaram de ler e que gostariam de indicar para os colegas. Quando a classe decide a lista de livros, cada um faz uma resenha.
"Faz toda a diferença eles saberem o motivo do trabalho, que no final sai uma publicação", diz Daniela. Os catálogos são trocados entre as turmas, e todos podem conferir as indicações. "Quando os livros chegam, eles estão curiosos para ver o que indicaram, mas também para ler os que os outros sugeriram", orgulha-se a educadora. Com o catálogo em punho, os pequenos participam do Sábado Literário, uma feira de livros que acontece anualmente na escola.
Para Márcia Fortunato, coordenadora do curso de pós-graduação de Formação de Escritores, do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, de São Paulo, o segredo está em apresentar às crianças a utilidade do texto.
"No dia-a-dia, escrevemos para executar tarefas, como fazer a lista do supermercado", diz. Assim, o que se escreve na escola também deve se aproximar a essas ações rotineiras, para que os estudantes tenham uma motivação real na hora de segurar o lápis. "Senão se mantém uma ideia de que se escreve para o professor ler e corrigir, em vez de para se comunicar. A função social se perde", afirma Márcia.
É importante ensinar, por exemplo, os tipos de gêneros que existem para mostrar o melhor uso de cada um, dependendo do objetivo do escritor. "Escrevemos para muitas finalidades. Desde para fazer um requerimento burocrático até para convidar alguém por e-mail para jantar", afirma. Segundo Márcia, o aluno deve aprender as diferenças entre eles na prática. O professor precisa saber explicar que conteúdo, que público e que estrutura textual estão relacionados com cada gênero.
Assim, a especialista vê com reprovação o ensino indiscriminado da dissertação nos colégios. "O aluno pode aprender a argumentar, mas não é um texto que será usado socialmente, porque ele só existe nesse formato dentro do ambiente escolar. Você aprende com ele, mas não lhe faz escritor", afirma. A dissertação pode ser um primeiro passo para aprender a escrever artigos, garante a educadora.
Para envolver a criança em uma situação de escrita, é possível também tomar acontecimentos importantes e fazer dos alunos pequenos repórteres. O professor precisa ter um "gancho", como o terremoto no Japão. Aí podem surgir atividades relacionadas ao tema, como produzir textos sobre esse país e sobre fenômenos naturais. Toda a produção pode ser compilada em uma revista ou em um mural para se colocar no colégio. "Também se pode basear nas reportagens dos jornais e pedir para que os próprios jovens façam matérias, entrevistando descendentes de japoneses, por exemplo", aconselha a professora.
A escola informou que privilegia o contato com a natureza como forma de educar
Foto: Ney Rubens
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A designer de interiores Daniela de Assis Ferreira, mãe da aluna Izabela, 10 anos, aprova a formação dada pela escola de Minas Gerais
Foto: Ney Rubens
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A diretora do instituto da Criança de Belo Horizonte, Margarida Lélis Figueiredo, aposta no contato com a natureza como diferencial na formação dos alunos
Foto: Ney Rubens
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A escola conta com um zoológico com mais de 100 animais, como araras, pavões, tartarugas e coelhos
Foto: Ney Rubens
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Segundo a escola, as crianças aprendem que o mesmo cuidado que se deve ter com os animais e com as plantas, deve ser mantido em relação aos colegas
Foto: Ney Rubens
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Além do zoológico, a escola conta com um espaço onde são cultivadas árvores frutíferas
Foto: Ney Rubens
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As crianças aprendem a plantar as ávores e a forma de cultivo
Foto: Ney Rubens
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A escola atende cerca de 600 alunos na região centro-sul de Belo Horizonte
Foto: Ney Rubens
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De acordo com a escola, o contato com a natureza faz com que as crianças aprendam na prática as lições ensinadas em aula
Foto: Ney Rubens
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Espaço na escola reúne diversas espécies de animais
Foto: Ney Rubens
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Crianças brincam em parquinho montado nas proximidades do minizoológico
Foto: Ney Rubens
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Parquinho para crianças em escola de Belo Horizonte foi construído em meio a árvores
Foto: Ney Rubens
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A escola Apoena, em Londrina (PR), também aposta no contato com a natureza para atrair os alunos
Foto: João Fortes
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A instituição atende 140 crianças no berçário, educação infantil e ensino fundamental
Foto: João Fortes
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A escola tem uma estrutura preparada para receber animais, doados ou emprestados por pessoas que admiram o interesse das crianças pelos bichos
Foto: João Fortes
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O cuidado com as plantas também faz parte do aprendizado dos alunos, que cultivam uma horta montada na escola
Foto: João Fortes
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A mascote dos alunos é a cachorra Lila, uma Cocker de 14 anos, moradora da escola
Foto: Divulgação
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O animal circula livremente pelo quintal e recebe cuidados das crianças
Foto: Divulgação
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Desde pequenos, alunos aprendem a cuidar das plantas na horta da escola
Foto: Divulgação
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Crianças montaram até um "insetário" onde são apresentadas as espécies
Foto: Divulgação
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Mãe de duas alunas, Letícia Figueiredo afirma que a escola proporciona aprendizados e brincadeiras que têm se perdido ultimamente
Foto: Divulgação
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As aulas de robótica fazem parte da grade curricular do Colégio Apoio, em Recife (PE), a partir do sexto ano
Foto: Celso Calheiros
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Alunos apresentam trabalho criados nas aulas de robótica em escola de Recife
Foto: Celso Calheiros
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Estudantes se preparam para dois concursos internacionais de robótica que vão participar este ano, nos Estados Unidos e na Turquia
Foto: Celso Calheiros
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Ter espírito empreendedor, encarar os desafios, gostar de pesquisas e ser dedicado são requisitos para participar das competições
Foto: Celso Calheiros
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Segundo a escola, as aulas de robótica auxiliam na formação dos alunos
Foto: Celso Calheiros
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Estudantes criam robôs para participar das competições internacionais
Foto: Celso Calheiros
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Aluno mostra com orgulho os materiais criados nas aulas de robótica
Foto: Celso Calheiros
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Escola aponta que as aulas de robótica são importantes na preparação dos jovens para o futuro
Foto: Celso Calheiros
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Segundo a professora Érica Stier, os alunos voltam para a sala de aula com empolgação para aprender os conteúdos
Foto: Divulgação
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A Escola Educativa, em Londrina (PR), inseriu a disciplina de empreendedorismo na grade curricular há cerca de 10 anos
Foto: João Fortes
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Na formação dos empreendedores mirins, a escola realiza uma atividade de simulação da criação de empresas
Foto: Divulgação
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Em uma feira, no próprio colégio, os alunos montam seus espaços e vendem produtos para pais e professores
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Alunas escolheram vender lenços e montaram seu espaço na feira organizada pela escola
Foto: Divulgação
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Segundo a escola, alunos ficam mais participativos em aula com as atividades de empreendedorismo
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A escola também realiza atividades externas, como esportes radicais
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Alunos realizam atividades para aprender a superar desafios
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As crianças e adolescentes da escola aprendem não apenas como gerir um negócio, mas também valores como ter autonomia e vencer os medos
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Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra