Endometriose pode atingir mulheres na adolescência

Pacientes com dor pélvica crônica, de 40% a 70% são diagnosticadas como portadoras da doença

22 mar 2019 - 10h45
(atualizado em 27/3/2019 às 18h58)

Março Amarelo é o mês mundial de conscientização da Endometriose, criado com objetivo de informar a população, especialmente as mulheres, sobre a importância do diagnóstico precoce e como realizar o tratamento da doença, que muitas vezes é descoberta quando a mulher não consegue engravidar.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, no mundo todo se estima que 10% a 15% das mulheres com idade reprodutiva apresentam endometriose, no Brasil cerca de sete milhões são portadoras da doença. A endometriose é uma doença que se caracteriza pela presença de tecido endometrial (camada de revestimento interna do útero) que fica localizado fora da cavidade do útero, ou seja, podendo infiltrar outras estruturas, como por exemplo, os ovários e os ligamentos ao redor do útero. A prevalência da endometriose na população é difícil de ser determinada, tendo em vista que algumas mulheres podem ser assintomáticas (quando o paciente não exibe sintomas).

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Estima-se que uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva apresenta endometriose, o pico ocorre em mulheres na faixa dos 25 aos 35 anos de idade, mas a doença pode ser diagnosticada mesmo em meninas antes da primeira menstruação e nas adolescentes. Entre 40% a 70% das mulheres com dor pélvica crônica são diagnosticadas como portadoras de endometriose e das mulheres com infertilidade, 50% apresentam a doença.

Segundo o Dr. Achilles Cruz, ginecologista e obstetra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, dois terços das mulheres adultas diagnosticadas com endometriose referem que os sintomas iniciaram antes dos 20 anos de idade. "Estudos mostram que, na média, o tempo decorrido desde os primeiros sintomas até a confirmação do diagnóstico de endometriose pode levar de 7 a 12 anos. Este é um grande desafio a ser enfrentado, uma vez que quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento, menor a progressão e as consequências da doença para a saúde da mulher", explica.

Embora o diagnóstico definitivo da endometriose seja baseado na biópsia das lesões encontradas durante um procedimento cirúrgico, exames laboratoriais e de imagem como ultrassom e ressonância magnética também são úteis diante da suspeita clínica da doença e podem nortear o tratamento.

Dr. Cruz ressalta ainda que, nas adolescentes, o tratamento clínico com hormônios (anticoncepcional hormonal combinado ou progestagênios) e anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) deve antecipar eventual abordagem cirúrgica por videolaparoscopia (procedimento de endoscopia). No entanto, a indicação de cirurgia fica reservada para os casos que não responderam adequadamente ao tratamento clínico.

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"As pílulas combinadas (estrogênio + progestagênio) combatem os focos de endometriose, impedindo a proliferação do tecido endometriótico, diminuindo o processo inflamatório e reduzindo ou eliminando o sangramento menstrual, o que leva ao alívio dos sintomas de dor. O uso de medicamentos como os análogos de gonadotrofinas (GnRH), deve ser evitado devido ao efeito deletério sobre os ossos", esclarece o ginecologista.

Vale destacar que, muitas vezes, a doença não é diagnosticada logo na adolescência pela questão das cólicas menstruais serem comuns. Os sinais da doença podem aparecer logo quando a mulher começa a menstruar. Os principais sintomas são a dor pélvica, dismenorreia (cólica durante a menstruação), dispareunia (dor durante a relação sexual) e a infertilidade.

"A Endometriose é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, mas dando a atenção nos sintomas desde a adolescência, fazendo os exames de rotina e não deixando passar despercebido um desconforto incomum, é possível controlar a doença para uma melhor qualidade de vida", finaliza Dr. Achilles.

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