Governo demite presidente da Funai sob pressão de ruralistas

Entre os servidores da Funai as especulações são de que Freitas pode ser substituído por Azelene Inácio, ex-diretora do órgão.

11 jun 2019 - 21h21
(atualizado às 21h25)

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Ribeiro de Freitas, foi demitido nesta terça-feira pela ministra Damares Alves e atribuiu sua saída à pressão do secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antonio Nabhan Garcia.

Algumas horas depois de Freitas ter anunciado sua própria demissão no início da tarde aos funcionários, o ministério confirmou, em nota, sua saída.

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Índios protestam em frente ao Palácio do Planalto
04/06/2019
REUTERS/Adriano Machado
Índios protestam em frente ao Palácio do Planalto 04/06/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos confirma a exoneração do general Franklinberg de Freitas do cargo de presidente da Fundação Nacional do Índio e o agradece pelo trabalho de excelência exercido à frente da instituição", diz o texto.

Depois de reunir os servidores no auditório do órgão para anunciar sua saída, Freitas não poupou palavras para apontar os responsáveis por sua saída. De acordo com uma fonte presente a seu discurso de despedida, o ex-presidente foi explícito ao apontar Nabhan Garcia como o nome que concentrou a pressão dos ruralistas pela sua saída e reclamou que o presidente Jair Bolsonaro estava "muito mal assessorado".

Nabhan, disse Freitas, "saliva ódio" ao falar de indígenas e não tem conhecimento algum sobre o arcabouço jurídico de proteção às populações nativas.

General da reserva, Freitas assumiu pela segunda vez a presidência da Funai. A primeira, no governo de Michel Temer também terminou com seu afastamento, em maio de 2018, sob pressão de ruralistas e do PSC, partido do então líder do governo, André Moura, que cobrava nomeações no órgão.

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Freitas disse, ainda, que lhe cobravam que fizessem coisas "fora da legalidade".

Entre os servidores da Funai as especulações são de que Freitas pode ser substituído por Azelene Inácio, ex-diretora do órgão, que chegou a ser cogitada para a presidência no início do governo Bolsonaro. Próxima da bancada ruralista e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Azelene foi demitida do cargo de diretora em janeiro a pedido do ministro da Justiça, Sergio Moro, porque é investigada pelo Ministério Público.

O nome de Azelene é visto com restrições por servidores do órgão. De acordo com uma segunda fonte, a ex-diretora é considerada como uma servidora da bancada ruralista --uma aproximação que ela mesma não nega-- e que iria acabar com o trabalho de proteção aos indígenas, central para a Funai.

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