O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará nesta terça-feira, 23, o tradicional discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, às 10h (horário de Brasília). Embora a fala do representante do governo brasileiro não seja uma novidade, muitos podem se perguntar por que, afinal, a ordem coloca o Brasil antes dos outros países, inclusive o anfitrião do encontro?
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O Brasil integrou o primeiro grupo de 51 países fundadores da ONU. Hoje, são 193 nações, mas a "regra" continua, apesar de não haver documentos ou normas da entidade com essa previsão. Pela ordem estabelecida, o Brasil é o primeiro estado membro a discursar na abertura da Assembleia Geral, seguido dos Estados Unidos, que este ano terá como orador o presidente Donald Trump. Essa ordem é respeitada desde a décima sessão da Assembleia Geral, em 1955.
Após Brasil e Estados Unidos, a ordem dos palestrantes torna-se um pouco mais política. Depende do nível de representação --a importância do orador enviado por aquele país. Isso significa que se um país enviar um Chefe de Estado, é provável que ele fale antes do que uma nação que opta por um representante de nível inferior, como Ministro das Relações Exteriores.
Por que o Brasil fala primeiro?
Há algumas teorias que explicam o protagonismo do Brasil no 'parlamento mundial' da ONU. Uma das hipóteses é que seria um prêmio de consolação pelo fato de o Brasil ter ficado de fora do Conselho de Segurança da Organização, composto por Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido desde a fundação da ONU, em 1945.
Outra teoria difundida é a de que o Brasil tem essa atribuição pela sua participação na solução pacífica da criação do Estado de Israel, ainda nos primórdios da ONU. No entanto, a explicação mais difundida foi dada por Desmond Parker, chefe de protocolo da ONU, em entrevista à rádio norte-americana NPR em 2010.
“Em tempos muito antigos, quando ninguém queria falar primeiro, o Brasil sempre se oferecia para falar primeiro. E assim ganhou o direito de falar primeiro na Assembleia Geral”, declarou.
Esse protocolo foi quebrado apenas em apenas duas oportunidades: na 38ª edição, em 1983, e na 39ª, em 1984, quando o Brasil e Estados Unidos inverteram as posições.
Independemente da teoria, ter a palavra inicial na reunião é uma grande oportunidade para apresentar à comunidade internacional as prioridades da política externa do Brasil. Segundo o Itamaraty, no discurso desta terça-feira, Lula deve falar sobre a questão da Palestina e sobre a crise climática, em preparação para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorre em Belém (PA), em novembro.
Veja a ordem dos discursos nesta terça-feira:
- Antonio Guterres, secretário-geral da ONU;
- Annalena Baerbock; presidente da Assembleia Geral e ex-ministra das relações exteriores da Alemanha
- Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil;
- Donald Trump, presidente dos Estados Unidos;
- Prabowo Subianto, presidente da Indonésia;
- Recep Tayyip Erdoğa, presidente da Turquia;
- Dina Ercilia Boluarte Zegarra, presidente do Peru;
- Rei Abdullah II ibn Al Hussein, da Jordânia;
- Jae Myung Lee, presidente da Coreia;
- Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani; emir do Catar;
- Jennifer Geerlings-Simons, presidente do Suriname;
- Gitanas Nausėda, presidente da Lituânia;
- Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal;
- Yamandú Orsi, presidente do Uruguai;
- Nataša Pirc Musar, presidente da República da Eslovênia;
- Kassym-Jomart Tokayev, presidente do Cazaquistão;
- Cyril Matamela Ramaphosa, presidente da África do Sul
- Shavkat Mirziyoyev, presidente do Uzbequistão
Agenda de Lula
Entre esta terça-feira e quinta-feira, 24, Lula participará de uma série de agendas estratégicas. O presidente estará acompanhado do ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) e de uma comitiva com outros ministros e especialistas do Governo brasileiro.