Senadores da oposição apostam no apoio de congressistas considerados independentes e do PSB para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com objetivo de investigar denúncias contra a Petrobras. Com o apoio desses parlamentares, a oposição acredita na viabilidade de conseguir as 27 assinaturas no Senado para criar uma CPI ou uma comissão mista com a Câmara.
A criação da CPI é uma das apostas da oposição diante da divulgação de informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. Em 2006, o conselho da estatal, quando presidido por Dilma Rousseff, aprovou a compra de 50% da refinaria por um preço oito vezes maior que a companhia belga Astra Oil havia desembolsado pela unidade inteira, no ano anterior.
A Petrobras também teve de desembolsar mais US$ 820,5 milhões, pois foi obrigada a comprar os outros 50% da refinaria em função de uma cláusula que estabelecia que, em caso de desacordo, um sócio deveria comprar a parte do outro.
No Congresso, oposicionistas do Senado já receberam a sinalização de apoio blocão da Câmara – composto por governistas descontentes do PMDB, PR, PTB e PSC – para a criação de uma CPI mista, na hipótese de conseguirem as assinaturas suficientes no Senado. Para uma CPMI, são necessárias 171 assinaturas na Câmara, além das 27 do Senado.
Em reunião na liderança do PSDB no Senado, os oposicionistas concluíram ter 16 assinaturas garantidas da oposição. Segundo os tucanos, o líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), prometeu apoio à criação da comissão, o que garantiria mais quatro assinaturas do partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Pelo menos sete senadores considerados independentes, entre os quais os peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), também são apostas da oposição. Os pedetistas Pedro Taques (MT) e Cristóvão Buarque (DF) já assinaram o papel - eles fazem parte de um grupo que entrou com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra a presidente Dilma Rousseff.
“A avaliação que nós fizemos é de que é absolutamente factível que obtenhamos no Senado Federal o número necessário de assinaturas para que as investigações ocorram, para que o (Nestor) Cerveró, o Paulo Roberto (Costa), possam vir aqui prestar esclarecimentos. E até a própria presidente da República, se achar necessário, que também venha prestar esclarecimentos”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em referência a ex-diretores da Petrobras e à presidente Dilma Rousseff.
Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves negou fazer política eleitoral com a tentativa de criar a CPI. “CPMI só existe e só se consegue quando há um fato que envolve a sociedade. A outra opção é o Congresso lavar as mãos. Se alguém quiser fazer, que assuma as responsabilidades”, disse.