Ex-ministro de Bolsonaro compara a volta de Lula a Vargas e diz ser "até certo ponto um amigo"

O senador Ciro Nogueira criticou a atual gestão presidencial e afirmou que o Brasil precisa "olhar para frente"

14 mai 2024 - 17h28

O senador e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), fez críticas ao atual governo, comparando a terceira gestão de Lula à volta de Getúlio Vargas ao poder. Para o senador, ambos até tiveram bons resultados nos primeiros mandatos, mas ao retornarem não alcançaram sucesso. A fala ocorreu no evento Lide Brasil, em Nova York na manhã desta terça-feira, 14.

Ex-ministro de Bolsonaro e senador, Ciro Nogueira, compara a volta de Lula a Vargas e diz ser “até certo ponto um amigo”
Ex-ministro de Bolsonaro e senador, Ciro Nogueira, compara a volta de Lula a Vargas e diz ser “até certo ponto um amigo”
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão

"Nós estamos talvez repetindo um fato histórico do que aconteceu no passado. Eu comparo muito o que esta acontecendo no Brasil com o retorno de Getúlio Vargas à Presidência. Getúlio tinha sido um grande presidente que implementou diversas reformas em nosso país, mas quando voltou, voltou fora de sua época e não conseguia mais se comunicar com sua população. E, eu não falo da questão da carta testamento daquela noite trágica, mas do que aconteceu em seu governo".

Vargas governou o Brasil entre 1930 e 1945, tendo implementado uma ditadura a partir de 1937, quando deu um golpe de Estado. Voltou ao poder em 1951 e nele permaneceu até 1954, quando retirou sua vida em meio a uma grave crise no país. Lula presidiu entre 2003 e 2010, por dois mandatos consecutivos. Em 2022, voltou a se eleger após uma disputa acirrada contra Jair Bolsonaro, que concorria ao seu segundo mandato.

Ciro Nogueira também diz respeitar o atual presidente, afirmando que "considera até certo ponto um amigo, apesar de fazer oposição sistemática ao seu governo", o que ele ressalta ser necessário:

"Cabe a todo o corpo político do nosso pais, em especial no Congresso Nacional, procurarmos nos mobilizar, não fazer oposição, por oposição. Mas a oposição é necessária, jamais vocês têm visto nas minhas críticas uma crítica pessoal, mas à forma como ele vem governando o nosso país".

Para o ex-ministro da Casa Civil, a atual postura brasileira no cenário mundial não é boa, sob a justificativa das escolhas de apoio na Guerra em Gaza:

"Nós sempre fazemos as opções erradas. A nossa diplomacia externa do país tem cometido erros imperdoáveis. Você ficar ao lado de uma país que ocupou e não do ocupado. Você buscar enaltecer o papel de um grupo terrorista em vez de enaltecer o papel de Israel. Então, isso tem nos prejudicado muito a nível mundial e, graças a Deus, nós temos empresários, pessoas que possam fazer a verdadeira diplomacia que o nosso país precisa, que seja importante para as pessoas que vivem no Brasil".

Nesse caso, o senador refere-se às práticas dos empresários apresentadas durante o evento, no qual mostram esses homens de negócios ajudando a população atingida pela tragédia climática que ocorre no Rio Grande do Sul. Ele diz estar surpreso com o que estão fazendo, "estão cumprindo o papel social".

Aposta para o futuro. Um novo Juscelino Kubitscheck

Em seu discurso, Ciro Nogueira diz que, atualmente, o Estado precisa focar no que está por vir "eu acho que o Brasil está em um período de olhar para frente, olhar para para o futuro. Não voltar, como o atual governo vem fazendo, remodelando políticas que já foram ultrapassadas". A fala refere-se aos programas reestruturados pela gestão Lula 3, como o Novo PAC e o Novo Minha Casa Minha Vida.

E, nesse futuro, o parlamentar enxerga que está por vir uma nova figura política como Juscelino Kubitscheck. "Eu acho que se depois de Getúlio nós tivemos um grande presidente, um das maiores da nossa história, que foi Juscelino. Está chegada a hora de nós esperarmos no Brasil a chegada de um novo Juscelino".

O senador ainda diz não ter dúvida que o 'novo Juscelino' possa estar entre alguns presentes no evento, citando Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Se meu querido Helder (Barbalho, governador do Pará) vier um pouquinho mais para direita, pode vir a ser esse Juscelino", fala Nogueira.

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Ex-ministro de Bolsonaro e senador, Ciro Nogueira, compara a volta de Lula a Vargas e diz ser “até certo ponto um amigo”
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão
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