Um post publicado no Twitter oficial do presidente Jair Bolsonaro neste sábado causou grande polêmica nas redes sociais neste final de semana. A conta publicou um trecho do documentário 'O processo', de Maria Augusta Ramos, como se fosse um "vídeo vazado" com "pessoas do mal, inimigas da democracia e liberdade", sugerindo uma reunião do que seria o Foro de São Paulo, amplamente atacada pela direita nos últimos anos.
O trecho publicado pela conta oficial de Bolsonaro mostra um momento em que Gilberto Carvalho, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, cita erros recentes do PT, em reunião que teve as presenças de, entre outras figuras, a deputada federal e hoje presidente nacional do partido Gleisi Hoffmann, e o ex-senador Lindbergh Farias.
"Fica difícil você falar em comunicação com o povo, quando você não fala com o povo a não ser em momentos eleitorais ou pelo carisma do presidente (Lula)". Em outra parte, Gilberto diz: "É inegável que nós, de alguma forma, facilitamos a estrada deles através de erros graves... Tudo isso eu acho que faz parte de um processo, que não é de autoflagelo, mas é de ter a clareza de romper com os nossos erros".
- Esse vídeo não vazou por acaso. Nele nunca se viu tantas pessoas do mal, inimigas da democracia e liberdade, juntas. É O JOGO DO PODER. A vitimização do PT é uma das últimas cartas do Foro de São Paulo em Caracas/Venezuela (24 a 28/julho). pic.twitter.com/PiiuUv2GJg
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 13 de julho de 2019
A divulgação irritou boa parte de políticos de esquerda, incluindo Paulo Pimenta, que vê o ato como "mentira" e "crime de pirataria, previsto no artigo 184 do Código Penal, com pena de prisão de 3 meses a 1 ano".
Essa cena não é "vazamento" e não tem qualquer relação com o Foro de SP. Trata-se de uma cena do documentário "O processo", da diretora Maria Augusta Ramos, sobre o golpe contra @dilmabr e PIRATEADO de forma criminosa pelo presidente da República para milhões de seguidores. https://t.co/8DGHIvrGWo
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) 13 de julho de 2019
O senhor @jairbolsonaro cometeu o crime de pirataria, previsto no artigo 184 do Código Penal, com pena de prisão de 3 meses a 1 ano.
Bolsonaro também mentiu. O documentário "O processo", de Maria Augusta Ramos, retrata o golpe de 2016 e não tem qualquer relação com o Foro de SP. pic.twitter.com/Yz7xpdUVvJ
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) 13 de julho de 2019
Veja como repercutiu o caso:
Presidente da República divulgando trecho do documentário “O Processo” como se fosse um vídeo vazado. Ignorância ou má fé (ou ambos)? 🤨 https://t.co/qdts8VYLQ8
— Jeff Nascimento (@jnascim) 13 de julho de 2019
Uma pequena correção, presidente. O vídeo não foi vazado! Ele faz parte do documentário O Processo, de 2018, dirigido por Maria Ramos: https://t.co/VRLTcodaYW https://t.co/1rMQ3j1qcK
— Gilmar Lopes (@efarsas) 14 de julho de 2019
Quando se estimula o ódio de seguidores os manipulando para atacar um grupo político social, construindo uma farsa, se comete o mesmo que Hiltler fez durante o nazismo! O presidente usou o filme "O Processo" de forma ilegal para estimular o ódio gratuito e o ódio mata! Chega!
— Glauco Silva (@GlaucoS41843642) 14 de julho de 2019
“Estou completamente perplexa”, diz diretora de “O Processo” sobre uso de seu filme em fake news de Bolsonaro https://t.co/MJuu5i62Nr
— DCM ONLINE (@DCM_online) 14 de julho de 2019
Vai levar um processo! Não se
Pode usar uma expressão obra cinematográfica sem autorização dos proprietários! Era só o que faltava, um presidente da república piratiando um filme! E mentindo em público!!!!
— Jose de Abreu (@zehdeabreu) 13 de julho de 2019
Esse vídeo não vazou. Ele é parte do filme de Maria Augusta Ramos sobre o processo mentiroso que impediu que a Presidenta Dilma terminasse o mandato. O senhor está mentindo para o povo. Atenção....
— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) 14 de julho de 2019