STJ nega pedido de irmão de Cachoeira para trancar ação penal

14 ago 2013 - 17h25
(atualizado às 17h29)

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de habeas-corpus do empresário Paulo Roberto de Almeida Ramos, irmão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que tentava trancar a ação penal à qual responde por envolvimento no esquema de repasses ilegais de verbas para a empreiteira Delta.

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Segundo o STJ, o recurso é contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que negou já havia negado habeas-corpus com pedido de trancamento da ação penal. A defesa de Paulinho Cachoeira, como o empresário é conhecido, argumenta que a denúncia que apontou a prática de formação de quadrilha, crime previsto no artigo 288 do Código Penal, não teria apresentado uma única conduta que configure sua participação nesse delito.

A desembargadora convocada Marilza Maynard, relatora do recurso no STJ, negou a liminar por considerar que não estavam presentes os requisitos que autorizam sua concessão: o fumus boni iuris (plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora (risco de dano irreparável).

Além disso, a relatora observou que a denúncia, em princípio, demonstra a participação de Paulinho Cachoeira no crime de quadrilha, conforme apontam as interceptações telefônicas. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Quinta Turma do STJ.

Carlinhos Cachoeira

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Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o

Carlinhos Cachoeira

, foi preso na Operação Monte Carlo, da

Polícia

Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como

mensalão

.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

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Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

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Fonte: Terra
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