Costa diz que Renan Calheiros o sustentava na Petrobras

Em depoimento, o ex-diretor da Petrobras disse que o presidente do Senado lhe dava sustentação dentro do PMDB

14 jul 2015 - 09h31
(atualizado às 09h37)
Foto: Pedro França / Agência Senado

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa voltou a comprometer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), em depoimento à Justiça Federal de Curitiba, nesta segunda-feira, quando falou como réu na ação penal referente à 10ª fase da Operação Lava Jato, que resultou, entre outras, na prisão do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

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Costa disse que chegou à diretoria da estatal em 2004 por indicação do PP e loby particular do ex-deputado José Janene, mas, a partir de 2006, passou a ter sustentação política também do PMDB para permanecer no cargo e manter em funcionamento o esquema de pagamento de propinas pelo cartel de empresas que atuavam em obras da Petrobras. Questionado sobre quem lhe dava sustentação dentro do PMDB, Costa afirmou: “o senador Renan Calheiros”.

Perguntado se também negociava propinas com Calheiros, o ex-diretor da Petrobras respondeu que “com ele não, mas ele tinha um representante, o deputado Aníbal Gomes, que algumas vezes negociou comigo”, disse. Em outro momento do depoimento, quando foi novamente inquerido sobre sua relação com o PMDB, Costa disse que também tinha o apoio do senador Romero Jucá e que participou de reuniões com Aníbal Gomes nas casas de Jucá e de Calheiros.

Ao juiz federal Sérgio Moro, Costa afirmou que, quando assumiu a diretoria da Petrobras, foi informado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, e pelos diretores da Odebrecht Márcio Faria e Rogério Araújo, da existência do cartel e alertado que, para que para que ele se mantivesse na diretoria, era necessário que o esquema fosse mantido. Ele repetiu que, em sua diretoria, o montante referente à propina era de 3% do valor dos contratos, sendo que 2% eram destinados ao PT e 1%, ao PP. “os valores para o PT chegavam via o João Vaccari Neto. Isso me foi falado pelo Janene, Alberto Youssef e Ricardo Pessoa”, disse.

Costa disse que nunca foi preciso ameaçar as empreiteiras pelo pagamento de propinas, porque elas tinham interesse em manter o esquema funcionando. “Nunca foi preciso ameaçar retaliação às empresas porque elas tinham interesse em manter esse relacionamento com a Petrobras bem como com os partidos, porque são partidos que têm ministérios e, como mencionei em depoimentos anterior, esse cartel funcionava em outras áreas, como no setor elétrico, portos, entre outros. Mas quando o pagamento era feito em dia, conseguia-se agilizar processos, como aditivos”, afirmou.

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Costa também repetiu estar arrependido de não ter denunciado o cartel assim que soube de sua existência. “Eu até tentei colocar outras empresas para trabalhar com a Petrobras, na tentativa de acabar com esse cartel, mas meu erro foi não ter detonado quando eu soube disso. Deveria ter denunciado, seria um escândalo nacional, mas não teria a proporção que está tendo hoje”, disse. 

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Fonte: Terra
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