O banqueiro Daniel Vorcaro, investigado por fraudes financeiras, promovia jantares em uma mansão de R$ 36 milhões com autoridades, como Alexandre de Moraes e políticos do Centrão. Ele foi preso em novembro, acusado de crimes ligados ao Banco Master.
O banqueiro Daniel Vorcaro, investigado pela Polícia Federal (PF) por crimes financeiros na gestão do Master, promovia jantares para autoridades e líderes partidários em uma mansão avaliada em R$ 36 milhões, localizada no Lago Sul, área nobre de Brasília.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Segundo o jornal O Globo, pelo menos em uma dessas noites, o convidado foi o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O jantar ocorreu no último trimestre de 2024, período em que já estava em vigor um contrato de R$ 129 milhões entre o Master e o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro.
Informações dão conta que Moraes participou do jantar desacompanhado da mulher e dividiu conversas com políticos influentes do Centrão, deputados, ex-ministros e o anfitrião. Entre os visitantes estavam o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), então candidato a presidente da Câmara.
O imóvel ocupa dois dos quatro lotes de um condomínio fechado no Lago Sul. São 1,7 mil metros quadrados de área construída e 4,3 mil metros quadrados de área privativa, em um projeto assinado em 2012 pelo escritório Studio Hub.
O Terra entrou em contato com o gabinete do ministro Alexandre de Moraes para saber o motivo do jantar, mas não recebeu retorno até a publicação. Ciro Nogueira e Hugo Motta também foram procurados por meio de suas assessorias e, em caso de retorno, a nota será atualizada.
Prisão
Vorcaro foi preso em novembro pela Polícia Federal, durante a Operação Compliance Zero, que investiga a emissão de títulos de crédito considerados falsos por instituições do Sistema Financeiro Nacional.
O banqueiro foi detido no aeroporto de Guarulhos quando tentava embarcar em um jatinho particular com destino ao exterior. Ele ficou 11 dias preso no Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos até ter a prisão convertida em medidas cautelares.
Caso Master
Daniel Vorcaro é acusado de fraudes financeiras de R$ 12,2 bilhões. Segundo as investigações da Polícia Federal, o Banco Master teria vendido carteiras falsas de crédito ao BRB, com o objetivo de cobrir o rombo nas suas contas.
O Master argumenta ter agido de boa fé no negócio com o BRB, por isso permitiu que o banco público substituísse as carteiras de crédito por outros ativos, com o objetivo de impedir um prejuízo.
Em março, o BRB, banco do governo do Distrito Federal, fez uma oferta de compra pelo Master. Após cinco meses de análise e intensa disputa nos bastidores, o Banco Central vetou a transação.
No dia 18 de novembro, junto com a prisão de Vorcaro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master.