Braga Netto chega ao STF para acareação com Mauro Cid

Esta é a primeira vez que os dois militares se encontram pessoalmente desde a prisão do ex-ministro da Defesa

24 jun 2025 - 10h23
(atualizado às 11h51)
Resumo
Braga Netto participa de acareação no STF com Mauro Cid para esclarecer divergências sobre uma suposta entrega de dinheiro em caixa de vinho e planos de golpe de Estado, negando as acusações feitas pelo delator.
Braga Netto chega ao STF para acareação com Mauro Cid
Braga Netto chega ao STF para acareação com Mauro Cid
Foto: Reprodução/CNN

O ex-ministro da Defesa e general Walter Braga Netto chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) por volta das 9h30 desta terça-feira, 24, para uma acareação com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Após Cid citá-lo em sua delação premiada, os dois militares ficarão frente a frente para esclarecer divergências no que falaram sobre a tentativa de golpe de Estado.

Esta é a primeira vez que os dois militares se encontram pessoalmente desde a prisão de Braga Netto. A acareação, solicitada pela defesa do general, ocorre na sala da Primeira Turma do STF. Anteriormente, por estar preso no Rio de Janeiro, Braga Netto havia participado apenas por videoconferência dos interrogatórios.

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O ex-ministro da Defesa chegou ao STF acompanhado de seus advogados e, obedecendo à determinação do ministro Alexandre de Moraes, com o uso de tornozeleira eletrônica. Também por ordem do magistrado, ele não deu declarações à imprensa durante sua chegada.

Divergências em depoimentos

A acareação é um procedimento previsto tanto no Código de Processo Civil quanto no Código de Processo Penal, com o objetivo de apurar a verdade por meio do confronto entre partes, testemunhas ou outros participantes do processo judicial que tenham prestado versões divergentes. 

O principal ponto de contradição entre Cid e Braga Netto diz respeito a uma suposta caixa de vinho repleta de dinheiro, que teria sido entregue pelo militar ao ex-ajudante de ordens para custear iniciativas do suposto golpe.

O delator afirmou que Braga Netto lhe deu o valor em espécie dentro de uma “caixa de vinho” no Palácio da Alvorada. Segundo Cid, a embalagem estava fechada, mas ele tinha ciência de que continha dinheiro e alega que provavelmente repassou o item no mesmo dia ao major Rafael de Oliveira, acusado de orquestrar o plano Punhal Verde e Amarelo, que visava assassinar autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes.

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O tenente-coronel declarou que ocultou o valor próximo à sua mesa no Alvorada e que a entrega do dinheiro poderia ter acontecido na garagem ou em um dos corredores.

Por outro lado, o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil desmentiu ter fornecido qualquer quantia a Mauro Cid em uma “sacola de vinho” ou por outro meio. Braga Netto sustentou que Cid o abordou questionando se o PL poderia arrecadar fundos para a “campanha”, conforme teria dito o ajudante, e que ele encaminhou o pedido ao tesoureiro do partido.

O tesoureiro, no entanto, comunicou que não havia respaldo para atender à solicitação de Cid. Diante da recusa, Braga Netto relatou que respondeu: “então morre o assunto”.

Em depoimento no começo do mês, Cid também mencionou um encontro em 12 de novembro de 2022 na residência do general, do qual participou por até 15 minutos.

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A acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) alega que, na ocasião, foi debatido o atentado contra figuras como o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB). O ex-assessor relatou que, ao se despedir, Braga Netto lhe disse que “seriam tomadas medidas operacionais” e, por sua proximidade com Bolsonaro, seria melhor que ele não se envolvesse.

Sobre o episódio, o ex-comandante do Exército descreveu o evento como uma “visita”, na qual Cid compareceu com “dois forças” que desejavam conhecê-lo: o coronel Hélio Ferreira Lima e o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, “kids pretos” atualmente em prisão preventiva.

Braga Netto ressaltou que não costumava receber pessoas em sua residência, mas que, após as eleições de 2022, passou a atender apoiadores.

Fonte: Redação Terra
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