Ministro discute com deputados do RJ sobre intervenção no caso Amarildo

Deputados de bancadas partidárias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) estiveram reunidos na manhã desta quarta-feira em Brasília com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. O encontro serviu para discutir o pedido de intervenção da Polícia Federal nas investigações sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza da comunidade da Rocinha, solicitado em ofício pelos parlamentares, no final da semana passada. O ministro Cardozo se comprometeu a avaliar o conteúdo do ofício com prioridade e uma decisão deve sair nos próximos dias.

O conteúdo do ofício encaminhado pela Alerj na quinta-feira passada, elaborado pelos deputados estaduais Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), Clarissa Garotinho (PR), Paulo Ramos (PDT) e Geraldo Pudim (PR), pede mudanças nos rumos das investigações do caso Amarildo e se justifica pela crise instalada no governo do Estado na área de segurança pública, geradas pelos fortes indícios de envolvimento de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em crimes de tortura e mortes na comunidade e pelas divergências entre delegados responsáveis. Segundo o deputado Geraldo Pudim, autor da ação, o documento foi fundamentado no artigo 144 da Constituição e no seu complemento na lei 10.446/2002, que trata da competência da Polícia Federal em infrações com repercussão internacional.

Segundo Pudim, o ministro da Justiça demonstrou grande preocupação com o caso do pedreiro e não descartou a possibilidade de federalização das investigações. "A polícia do Rio caiu em descrédito após o caso Amarildo. Os fortes indícios de envolvimento de policiais das famigeradas UPP's nos dão calço legal para solicitar a federalização dessas investigações. O caso é tamanho que mobilizou este número expressivo de 10 deputados federais e quatro deputados estaduais debruçados em uma mesma questão e que enxergam falhas na condução do caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo. Acredito que o ministro tenha saído da reunião bastante sensibilizado. Ele se comprometeu a dar uma resposta rapidamente", destacou o parlamentar. O deputado informou que o ofício de solicitação foi encaminhado também para a Procuradoria-Geral da República e deve ser protocolado ainda no decorrer desta semana.

O desaparecimento de Amarildo

Amarildo sumiu no dia 14 de julho deste ano, após ser levado por policiais militares para a UPP, a fim de prestar esclarecimentos. O comandante da unidade, major Edson dos Santos, afirmou que o pedreiro deixou a base caminhando e depois não foi mais visto. O sumiço do pedreiro ganhou notoriedade depois de virar tema das manifestações de rua, no Rio e em outras capitais, com a frase "Cadê Amarildo?" estampada em faixas e cartazes.