Empresário Renê Nogueira Júnior, preso por homicídio de gari após discussão de trânsito em Belo Horizonte, afirmou em mensagens à esposa delegada estar "no lugar errado, na hora errada"; ele foi indiciado por homicídio qualificado, ameaça e porte ilegal de arma.
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, indiciado por matar o gari Laudemir Fernandes a tiros em Belo Horizonte (MG), enviou uma mensagem à sua esposa delegada dizendo que “estava no lugar errado, na hora errada”. É o que aponta a Polícia Civil, em imagens obtidas pelo Terra nesta quinta-feira, 4.
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Renê foi preso em flagrante no dia 11 de agosto, enquanto estava em uma academia da cidade. Ainda no local, quando foi abordado por equipes da Polícia Militar, ele mandou um áudio à sua companheira, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, falando que estava no estacionamento do local, na companhia dos agentes, e pede para que ela vá até lá.
Quase uma hora depois, o empresário pede para que ela não entregue a arma. “Entrega a nove milímetros. Não pega a outra. A nove milímetros não tem nada”, escreveu ele na mensagem recuperada pela Polícia Civil. A “outra arma” seria a pistola .380, usada no crime. O armamento era da delegada.
Pouco mais de 20 minutos, Renê escreve que “estava no lugar errado” e justifica: “Amor, eu não fiz nada”. Essa foi a última mensagem enviada para a esposa. Em nenhuma delas, a companheira o responde.
Polícia encontrou história de pesquisa do caso
Ao contrário do que foi dito pelo empresário durante seu depoimento, a Polícia aponta que ele tinha “plena consciência” do que havia feito à Leudemir. Conforme o inquérito policial ao qual a reportagem teve acesso, foram encontrados em seu histórico parâmetros de pesquisa como “gari morto”, além de acessos à matérias divulgadas sobre o caso naquele dia.
Sete dias depois do crime, ele confessou ter matado a vítima durante uma discussão de trânsito. Laudemir foi atingido no abdômen, levado ao Hospital Santa Rita em Contagem, mas não resistiu e veio a óbito.
Renê segue preso preventivamente e foi indiciado pela Polícia Civil no último dia 29 pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.
O advogado Tiago Lenoir, que representa a família da vítima, afirmou que as provas colhidas pelas autoridades, como mensagens, vídeos e laudos, “reforçam o crime hediondo praticado pelo principal acusado e revelam tentativas de interferência nas investigações”.
“Como advogado da família do gari Laudemir, reafirmo que não descansarei até que todos os responsáveis, por ação ou omissão, sejam punidos com o rigor da lei”, finalizou.
O Terra não conseguiu localizar a defesa do empresário até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.