Opositor boliviano completa um ano asilado na embaixada do Brasil

28 mai 2013 - 19h19
(atualizado às 21h14)

Um senador da oposição boliviana completa nesta terça-feira um ano trancado na embaixada do Brasil em La Paz, aonde chegou asilado após denunciar perseguição política do governo Evo Morales, que nega um salvo-conduto por supostas denúncias de corrupção. O senador direitista Roger Pinto entrou na embaixada do Brasil no dia 28 de maio do ano passado, denunciando perseguição política. Brasília concedeu asilo a ele, mas o governo boliviano negou o salvo-conduto, com o argumento de que tem processos pendentes na justiça.

O deputado opositor Tomás Monasterio, correligionário de Pinto, considerou que "este caso sem dúvida se compara com os casos (do australiano Julian) Assange e (do peruano Víctor) Haya de la Torre", o primeiro com asilo na embaixada equatoriana em Londres desde junho de 2012 e o segundo em iguais condições por cinco anos na embaixada da Colômbia em Lima, em meados do século passado. "Esperamos que o senador Pinto não tenha que esperar cinco anos para sair do país", disse Monasterio.

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Pinto, da opositora Convergência Nacional, afirma que entregou informações reservadas ao governo sobre atos de corrupção e sobre vínculos de autoridades com o narcotráfico, e ressaltou que esses fatos nunca foram revelados nem investigados. O Brasil concedeu o asilo político a Pinto, mas o governo boliviano se nega a conceder um salvo-conduto ao político para que deixe o país, com o argumento de que seu caso não é político, e sim judicial, porque ele é acusado de corrupção.

"Meu pai já está há um ano na embaixada. Ele está bem, estou com ele, mas estamos preocupados com a possibilidade que que possa ficar doente, por falta de sol, por estar em um recinto pequeno e fechado", explicou à AFP Denise Pinto, filha do parlamentar, representante da região amazônica de Pando (norte), na fronteira com o Brasil. A mulher, de 22 anos, negou que seu pai esteja doente, como Monasterio havia afirmado inicialmente.

Ela explicou que o caso está com a Procuradoria-geral da República brasileira para que emita uma opinião. "Esperamos que este tema chegue a uma solução favorável na primeira semana de junho", disse.

O incidente provocou atritos diplomáticos no ano passado. O presidente Morales disse em junho que Brasília havia se equivocado ao conceder asilo ao parlamentar e, um mês depois, a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, acusou o embaixador brasileiro de assumir um papel político e não diplomático.

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O governo boliviano reiterou nesta terça que não permitirá que o senador deixe a Bolívia. Dávila indicou que "a situação de Pinto está nas mãos da justiça" boliviana, e que o seu governo não concederá o salvo-conduto.

A presidente do Senado, a governista Gabriela Montaño, disse em uma entrevista coletiva à imprensa que "a situação do senador pode ser resolvida se ele se apresentar à justiça comum e se defender como qualquer cidadão, porque é acusado de crimes comuns".

O caso está na agenda bilateral entre Bolívia e Brasil junto com a situação dos 12 torcedores do Corinthians detidos desde o fim de fevereiro em uma prisão boliviana, pela morte de um jovem torcedor durante uma partida da Taça Libertadores.

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