Em dois lotes de bebidas destiladas analisados pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Científica de São Paulo, a perícia apontou que houve adição de metanol. Ou seja, a substância presente nas bebidas em questão não foi produto de destilação natural. As informações são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), obtidas pelo Terra nesta quarta-feira, 8. Até o momento, há três mortes confirmadas por intoxicação pela substância no Estado.
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Os laudos periciais concluídos pelo IC estão sendo encaminhados para a Polícia Civil a fim de subsidiar as investigações que já estão em andamento. “A Polícia Científica trabalha 24h nas perícias de constatação e concentração das amostras apresentadas pela Polícia Civil, assim como na análise documentos, de rótulos e lacres dos recipientes”, complementou a SSP.
No último boletim disponibilizado, referente a terça-feira, o governo de São Paulo divulgou a confirmação de 18 casos de intoxicação por metanol, que resultaram em três mortes. As vítimas fatais são dois homens da capital, de 54 e 46 anos, e uma mulher de 30 anos, de São Bernardo do Campo.
Além dos casos confirmados, são investigados outros 158 suspeitos. Entre eles, há 7 óbitos -- sendo quatro na cidade de São Paulo (de idades de 36, 45, 50 e 51 anos), dois em São Bernardo do Campo (49 e 58 anos) e um em Cajuru (26 anos). Todos os óbitos em investigação são de homens.
Foram presas 42 pessoas desde o início do ano em ações de combate à falsificação de bebidas, sendo 21 das prisões ocorridas nesta semana. Desde o último dia 29 também foram apreendidas 16 mil garrafas, segundo o Governo de São Paulo, além de 378 mil rótulos falsificados e outros itens, como lacres e selos.
Comitê sobre crise de bebidas contaminadas
Na terça-feira, 7, o Ministério da Justiça anunciou a criação de um comitê para discutir casos de intoxicação por metanol. A medida foi anunciada após reunião realizada pela pasta com representantes da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) e da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).
"O grupo terá como foco promover uma resposta rápida e articulada para conter os casos de intoxicação por metanol, fortalecer o setor produtivo afetado e integrar informações e boas práticas entre o poder público e a iniciativa privada", afirmou o ministério.
O grupo vai funcionar "inicialmente, de forma informal", por meio de reuniões online. O Ministério da Saúde afirmou ainda que comprou 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol junto a uma empresa japonesa e que o lote deve chegar ao Brasil ainda nesta semana.
O comitê do Ministério da Justiça será coordenado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), com o objetivo de "permitir trocas ágeis de informações, acelerar medidas para identificar e retirar do mercado produtos adulterados e restabelecer a confiança dos consumidores".