Mãe denuncia que seu filho, de 10 anos, perdeu a visão do olho direito após sofrer bullying relacionado a glaucoma congênito em escola no RJ, enquanto a Secretaria de Educação investiga o caso e reporta ações anti-bullying realizadas.
Um menino de 10 anos perdeu a visão do olho direito após ser vítima de bullying na escola. O caso ocorreu na Escola Municipal Leonel Azevedo, no Rio de Janeiro, e foi relatado pela mãe da vítima, Lídia Loiola Cardoso.
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A agressão ocorreu no dia 18 de novembro, durante aula de educação física, quando ele levou um chute e um soco no olho direito, perdendo a visão.
Em entrevista ao telejornal RJ2, da TV Globo, Lídia afirma que o filho também foi vítima de outras agressões na escola. “Ele começou a desejar não vir para escola. É um menino que não passava as queixas, mas comecei a notar no comportamento dele”, iniciou.
Segundo a mãe, os ataques eram motivados por uma condição nos olhos do filho, decorrente de um glaucoma congênito.
O primeiro caso perceptível à família ocorreu em 2023, quando a irmã de 6 anos do garoto tentou defendê-lo das implicâncias e acabou ferida. Lídia foi à escola e a família do agressor foi convocada, encontro registrado em ata — o que não evitou novos casos de bullying.
A mãe destaca que, em abril de 2024, enquanto ia ao banheiro, outro aluno fez com que o filho tropeçasse e quebrasse o pé. Em nova visita à escola, ela conta que o diretor alegou que o menino havia se jogado, apesar de outros estudantes relatarem uma versão diferente do ocorrido.
Ainda segundo Lídia, em outro episódio de violência, o filho foi empurrado, bateu a cabeça no chão e fraturou o nariz.
“Eu tentei com todas as minhas forças, não chegar a isso, eu pedi ajuda a todo mundo, fui na CRE [Corregedoria Regional de Educação], Conselho Tutelar, até 1746 eu liguei. Tenho protocolos, ninguém me escutou”, lamentou.
Antes do trauma, o aluno havia se classificado para duas finais de olimpíadas de matemática.
Posicionamento das autoridades competentes
Consultada pelo Terra, a Secretaria Municipal de Educação emitiu parecer sobre o caso por meio de nota, disponível abaixo na íntegra:
A Secretaria Municipal de Educação acompanha de perto todos os cuidados necessários, incluindo medicamentos e nova consulta para o aluno esta semana. A Secretaria só foi notificada sobre este caso nos últimos dias. Uma reunião foi marcada pela Coordenadoria Regional de Educação em agosto e a mãe faltou. Não há registros de ocorrências anteriores sobre o tema. Foi instaurada uma sindicância, que já está em curso, para apurar os fatos com rigor sobre a condução da escola. O aluno apontado como autor da agressão foi transferido para outra escola.
Em caso de bullying, as unidades seguem o Protocolo de Prevenção, Proteção e Segurança Escolar, que prevê convocação de responsáveis, comunicação ao Conselho Tutelar, ações educativas e acompanhamento da convivência dos estudantes. O regimento escolar também estabelece etapas obrigatórias antes de qualquer transferência de aluno.
O Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (NIAP) é composto por professores, assistentes sociais e psicólogos que realizam atendimentos aos alunos e às famílias. Ao longo de 2025, o NIAP esteve presente no GET Leonel Azevedo diversas vezes e promoveu diferentes ações visando a prevenção à violência e ao bullying. A atuação da Secretaria é voltada à prevenção e à educação, não à punição. Casos envolvendo grave ameaça ou agressão devem contar com a atuação da polícia.
A reportagem também tentou contato com a Escola Municipal Leonel Azevedo e com a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto e o texto será atualizado, caso haja retorno.