Líder de Paraisópolis: baile cresceu pela ausência do Estado

Segundo relatos, aumentaram no local ações policiais, com denúncias de ameaças e truculência

2 dez 2019 - 03h11
(atualizado às 09h33)
Foto: José Barbosa / Futura Press

Moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, têm relatado uma recente escalada de tensão após o assassinato na comunidade do sargento da PM Ronald Ruas em 2 de novembro. Segundo relatos, aumentaram no local ações policiais, com denúncias de ameaças e truculência. Neste domingo, 1.º, nove pessoas morreram pisoteadas e 12 ficaram feridas durante tumulto após ação da Polícia Militar em um baile funk.

Nas redes sociais, moradores vinham comentando nos últimos dias sobre uma possível "invasão" da PM na comunidade. "Os moradores estão com medo, e nos enviam relatos de agressões e ameaças constantes", disse a pesquisadora Marisa Fefferman, da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, grupo que busca que dar visibilidade a casos de abuso nas periferias.

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Ainda de acordo com Marisa, Paraisópolis vive abusos sistemáticos por parte da polícia há muitos anos. Entre 2013 e 2015, a ativista afirma que teria havido até toque de recolher no local por ordem de agentes de segurança.

"O baile funk (aumentou) por conta da ausência do Estado, que não investe em equipamentos de lazer para a comunidade. Cresceu de forma desorganizada. O baile cresceu, mas nunca teve solução, só repressão", disse Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis.

Conforme moradores, esses bailes também se tornaram motivo de incômodo frequente, por causa do barulho e das aglomerações. Neste domingo, 1º, o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Emerson Massera, disse que a realização de eventos desse porte em locais sem estrutura adequada e sem rotas de fuga deve ser revista.

Procurada neste domingo, 1º, a Secretaria de Segurança Pública não se manifestou sobre os relatos ou o suposto elo com a morte do PM.

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