Alckmin está em "queda de braço" com a greve, diz sindicato

Professores grevistas "acamparam" na Assembleia Legislativa de São Paulo de quarta para quinta-feira. De acordo com presidente da Apeoesp, sindicato da categoria, intenção foi "forçar" o governador a quebrar o silêncio

16 abr 2015 - 11h09
(atualizado às 11h11)
<p>Professores em greve passaram a noite na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)</p>
Professores em greve passaram a noite na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
Foto: Elisa Feres / Terra

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), no Ibirapuera, zona sul da capital, amanheceu diferente nesta quinta-feira. Por volta das 9h, o plenário, as salas e os corredores do edifício estavam tomados por professores em greve que passaram a noite e organizaram um café da manhã comunitário no local. A intenção do "acampamento", de acordo com Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), foi forçar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a abrir negociação com os manifestantes, com quem ele anda em "queda de braço". 

"Chegamos aqui ontem [quarta-feira] às 14h. Ficamos para uma audiência pública e depois fomos direto ao plenário geral com o intuito de ficar e forçar o governador a abrir negociação. Mais do que isso, forçar a assembleia legislativa a cumprir seu papel nesse impasse. Está clara a quebra de braço que governo está fazendo com o movimento", disse ela, conhecida como Bebel, ao Terra. "O governo não negocia, não atende a pauta, não apresenta nenhuma proposta. É uma demonstração de intransigência. Mesmo se ele tiver uma proposta, por que não apresenta? É possível apresentar dentro da data base que eles dizem, que é junho, julho. Mas não é isso que acontece", completou.

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Os professores estaduais estão em greve há 32 dias. As principais reivindicações são aumento salarial de 75,33%, conversão do bônus em reajuste salarial, ampliação dos repasses para as escolas e aceleração dos processos de aposentadoria. A paralisação conta com participação de 70% da categoria. 

Bebel contou ainda à reportagem que, embora o silêncio de Alckmin esteja "dificultando o movimento", alguns deputados já se colocaram à disposição para discutir as propostas e mediar uma possível conversa com o governador. 

Grupo pendurou faixa contra o governador na entrada do prédio
Foto: Elisa Feres / Terra

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"A audiência que fizemos contou com 20 deputados de 11 partidos. O próprio presidente da assembleia [Fernando Capez] se propôs a intermediar a ação conosco. E acho muito positivo, já que ele também é do PSDB. Isso não é nada ruim, acho válido. Estamos aqui para isso. Ninguém quer marcar posição apenas se for com o partido A ou B, queremos negociar e sair daqui com alguma coisa. Não queremos sair desrespeitados desse processo, que é o que o governador está tentando fazer", afirmou. 

Segundo a presidente, os grevistas pretendem deixar o prédio da Alesp no final da tarde para cumprir sua agenda de atos e assembleias regionais. Na sexta-feira, às 14h, está marcada também mais uma assembleia estadual no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, região central da capital. No dia 23 deste mês, eles serão recebidos pelo secretário da Educação do Estado, Herman Jacobus Cornelis Voorwald. 

"Greve de temporários"

Nesta semana, ao conversar com a imprensa durante evento, Geraldo Alckmin declarou que a greve dos professores "é mais dos temporários" e não tem grande adesão entre os efetivos - afirmação que Bebel fez questão de desmentir. 

"Lamento ter que dizer, mas isso não é verdade. Os fatos estão aí. Tanto que amanhã, na audiência realizada no Masp, vamos colar adesivos nos participantes para mostrar quem eles são. Quem é efetivo, coloca um adesivo, quem é de outra categoria, coloca outro... Vamos fazer isso para mostrar que não é 'uma greve de temporários'. Se fosse, ela seria muito menor. Não teria como ser desse tamanho", finalizou. 

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Fonte: Terra
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