Rafaela Silva e COB desistem de caso de racismo por Twitter
31 jul2012 - 12h25
(atualizado às 13h43)
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) informou nesta terça-feira que não dará prosseguimento ao caso de racismo que a judoca Rafaela Silva teria sofrido por meio do Twitter. A entidade repudiou o incidente e chegou a consultar seu departamento jurídico sobre o caso, mas a própria atleta optou por não buscar a Justiça.
De acordo com Rosicléia Campos, treinadora da Seleção feminina, a judoca recebeu mensagens de cunho preconceituoso pela rede social após sua eliminação nas oitavas de final da Olimpíada de Londres na categoria até 57 kg.
"Chamaram de macaca, que tinha que ir para jaula. Que país é esse que a cor de pele justifica um ato assim?", questionou a técnica. Rafaela recebeu ofensas e cobranças pesadas por parte de internautas após a derrota para a a húngara Hedvig Karakas. A brasileira sofreu uma desclassificação por tentar um golpe ilegal.
Uma usuária do Twitter reclamou com a atleta pelo microblog: "cara, que vexame. Não te ensinaram a jogar limpo? Mais uma que foi para fazer o Brasil passar vergonha e chorar", escreveu @Dri_Caldeira. Irritada, Rafaela respondeu: "e quem é você pra falar de mim? Outra que não tem o que fazer fica e aqui tomando conta da vida dos outros".
Entre as principais acusações, a internauta chamou a atleta de "desonesta" e disse que "faltou espírito olímpico". "É dinheiro do povo que te manda pra Londres, emporcalhar o nome do País!! Chega de desonesto no país!!", continuou a tuiteira.
Confira a seguir na íntegra o comunicado emitido pelo COB:
Nota do Comitê Olímpico Brasileiro:
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a Confederação Brasileira de Judô e a Missão Brasileira nos Jogos Olímpicos Londres 2012 repudiam qualquer manifestação de racismo, seja contra atletas, membros de delegações ou qualquer outra pessoa.
O Brasil é um país multirracial e não se deve admitir e tolerar, sob nenhuma hipótese, atitudes que estimulem qualquer tipo de segregação.
A Missão Brasileira em Londres, prestando auxilio jurídico a atleta, consultou o departamento jurídico do COB sobre as medidas legais que possam ser tomadas.
No entanto, a própria Rafaela Silva não pretende dar prosseguimento ao caso.
A brasileira Rafaela Silva protagonizou um momento confuso nos Jogos Olímpicos de Londres. A competidora nacional acabou eliminada da competição, válida pela categoria dos leves (até 57 kg), depois de aplicar um golpe ilegal, apontado pela arbitragem somente depois de revisão pedida pelos árbitros laterais
Foto: AFP
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Depois do anúncio do juiz central, que a princípio havia marcado um wazari a favor de Rafaela, a carioca chorou copiosamente ainda no tatame e precisou ser consolada pela adversária, a húngara Hedvig Karakas
Foto: Reuters
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A competidora aplicou a entrada e conseguiu encaixar um wazari, anotado imediatamente pela arbitragem. Contudo, os árbitros laterais pediram revisão e flagraram o ataque da brasileira às pernas da rival, o que não é permitido pela regra
Foto: Reuters
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Deitada e chorando muito, a carioca precisou ser amparada pela própria adversária húngara, que, constrangida, comemorou discretamente a classificação às quartas de final
Foto: Reuters
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Judoca criada no Instituto Reação, na Cidade de Deus, em projeto social comandado pelo medalhista olímpico Flávio Canto, ela deixou o tatame abalada pela eliminação
Foto: Reuters
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Amparada pela técnica Rosicleia Campos, a jovem de apenas 20 anos passou sem falar com a imprensa rumo aos vestiários
Foto: Reuters
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A brasileira era considerada uma das favoritas ao pódio, ainda mais depois da queda da portuguesa Telma Monteiro, terceira no ranking mundial, um posto acima de Rafaela
Foto: Reuters
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A brasileira Rafaela Silva apagou nesta segunda-feira o dia anterior tímido do judô nos Jogos Olímpicos de Londres. A competidora do Rio de Janeiro venceu a alemã Miryam Roper por dois yukos de vantagem, em duelo pela categoria dos leves (até 57 kg), e avançou às oitavas de final da competição
Foto: Reuters
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O triunfo quebrou o jejum do último domingo, quando o País, com Erika Miranda e Leandro Cunha na categoria meio-leve, acabou eliminado ainda nos primeiros combates
Foto: Reuters
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As duas atletas evitaram qualquer tipo de ação no primeiro minuto de luta. A falta de atitude de ambas resultou em uma punição para cada, castigo que acordou a brasileira
Foto: Reuters
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Dona de um retrospecto de quatro lutas e quatro vitórias contra a alemã, Rafaela Silva controlou o ritmo do combate e somou o primeiro yuko por conta da falta de combatividade da rival, que buscou evitar o confronto direto
Foto: Reuters
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A vantagem soltou o jogo de Rafaela até o final do combate. Com tranquilidade, a judoca brasileira conseguiu somar outro yuko, revertendo um uchimata da adversária, e praticamente definiu o combate
Foto: EFE
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Pódio do judô feminino (categoria -57 kg), que teve a japonesa Kaori Matsumoto em primeiro lugar e a romena Corina Capiroriu em segundo